Ter uma boa história para contar é um dos fatores que faz um filme ser interessante. Quando a trama traz um conceito diferente, uma ideia original, já estimula a curiosidade e a vontade do público de assistir.
Porém, ter uma boa ideia para o roteiro não é garantia de sucesso. Por mais incrível que pareça, está é uma das partes mais fáceis. O complicado mesmo é pegar esta ideia e desenvolve-la da forma correta, de um jeito que o conceito inicial seja todo trabalhado e não se perca no caminho.
Isso acontece quando o direcionamento é falho e não chega exatamente aonde deveria. Sabe quando você assiste um filme e pensa no final “Nossa, a ideia desse filme era tão boa, mas não foi tudo o que pensei”, ou então “O começo foi muito bom, mas o final podia ter sido diferente”? Então, é justamente esta sensação que fica quando a trama tinha algo bom a ser trabalhado, mas ficou bem longe do que se esperava.
Pensando nisso, resolvemos fazer uma lista com 7 filmes que tinham uma ideia incrível, mas que acabaram pegando um caminho diferente.
Vem conferir!
1 – O Preço do Amanhã (2011)
Um mundo onde o tempo realmente é dinheiro e uma sentença de morte. É esse o conceito apresentado neste filme, que se passa no século XXII, onde as pessoas param de envelhecer aos 25 anos, mas recebem uma “contagem de tempo de 1 ano”, através de um cronômetro que fica em seus pulsos. Se este tempo zerar a pessoa morre. A solução? Literalmente comprar o tempo. E o tempo realmente é o dinheiro: compra tudo, desde um simples café até carros e casas luxuosas.
As diferenças sociais são gritantes e os conflitos são imensos. Neste cenário somos apresentados a Will (Justin Timberlake), um jovem que acaba sendo acusado de assassinato e tem que fugir para provar a sua inocência. E aí, bom, o filme se resume ao personagem fugindo, cercado por muitos inimigos, explosões, cenas de luta e um romance com a personagem da atriz Amanda Seyfried. Mas e o conceito inicial, do tempo, da vida, da sociedade? É, ficou lá mesmo, no início e é isso aí.
2 – Hancock (2008)
Um homem com super poderes, mas que não os usa para o bem? É essa a história de John Hancock (Will Smith), um homem que não se importa com as pessoas e nem quer ajuda-las. Na verdade, quando decide fazer algo de bom, acaba destruindo tudo ao seu redor, dando altos prejuízos financeiros e fazendo mais mal do que bem. Porém, ele acaba salvando a vida de Ray (Jason Bateman), que decide transformar Hancock em um verdadeiro herói.
No início, o filme tem um humor ácido, não se leva realmente a sério e faz piada com toda a situação. Porém, este tom acaba mudando, caminhando para um drama e romance que nada tem a ver com a ideia original. Além disso, o roteiro pegou leve nas situações e diálogos por medo de chocar o público ao mostrar um herói com atitudes de anti-herói. Resultado? Um filme que jogou no lixo uma ideia incrível, que tinha tudo para ter sucesso. Prova disso é a série The Boys da Amazon Prime Video, que apostou no conceito, foi fundo sem medo de extrapolar e se tornou um fenômeno de audiência.
3 – Tomorrowland (2015)
Casey (Britt Robertson) é uma jovem extremamente inteligente e com uma grande curiosidade científica. Frank (George Clooney) tira todas as suas ideias do papel e cria invenções espetaculares. Os caminhos dos dois acabam se cruzando e eles embarcam em uma grande aventura, para tentar descobrir os mistérios por trás de um mundo perdido através do tempo e espaço, que só existe dentro de uma memória coletiva.
Visualmente falando, o filme é muito bom, com grandes efeitos e faz você imergir neste mundo. Porém, a direção acabou apostando em uma narrativa básica, que nada traz de novo, deixando muito potencial a ser explorado totalmente de lado. No final, o filme não entrega nada daquilo que se propôs.
4 – Os Passageiros (2016)
Este filme é completamente errado pois aposta em algo que, definitivamente, não teria que ser o centro das atenções: o romance. O filme apresenta Jim (Chris Pratt), que está a bordo de uma nave que leva centenas de pessoas para uma colônia de povoamento no espaço. Os passageiros estão em hibernação, mas devido a uma falha, Jim acaba acordando 90 anos antes do esperado e, com “medo da solidão”, desperta Aurora (Jennifer Lawurence) para lhe fazer companhia.
O roteiro fica jogando na cara de quem assiste esse romance, mesmo mostrando que Jim é uma pessoa de caráter duvidoso, um verdadeiro stalker e manipulador. Fora que todo os problemas que acontecem na nave são causados pelo personagem, que não tem noção nenhuma de coletivo, sendo irresponsável e totalmente egocêntrico. O filme poderia muito bem ter explorado a solidão do espaço, o medo de morrer sozinho, como o homem precisa da sociedade para se manter psicologicamente bem, mas não, tudo o que importa é a relação amorosa entre Jim e Aurora. Se fosse para fazer um filme de romance, não precisava colocar todo mundo no espaço.
5 – A Ilha (2005)
Futuro pós apocalíptico, uma sociedade totalmente isolada do mundo exterior e um lugar chamado Ilha. Este é o cenário deste filme, que mostra que as pessoas se isolaram (triste realidade atual) para evitar uma possível contaminação do mundo exterior. Assim, toda semana ocorre o “sorteio da loteria”, em que a pessoa sorteada poderá viver nesse lugar conhecido como Ilha, algo que todos desejam. Contudo, algumas suspeitas começam a surgir na cabeça de Lincoln (Ewan McGragor), que acaba descobrindo que o local não é nada daquilo que imaginava.
A premissa é muito boa e a reviravolta que acontece na história prende nossa atenção, porém, os pontos positivos param por aí, porque depois do início incrível, o filme se desenvolve de forma neutra, com uma trama genérica e tudo caminha, mais uma vez, para perseguições, explosões, lutas e ação. Até parece que não são capazes de finalizar o filme de forma criativa, daí apelam para o que acham que vai chamar atenção. Nada novo, de novo.
6 – Uma Noite de Crime (2013)
Os amantes do terror e de filmes sangrentos podem discordar da gente, mas acreditamos que este filme tinha muito mais potencial a ser explorado. Verdade seja dita, o objetivo do criador James DeMonaco era, realmente, produzir um filme violento, gráfico, onde a luta e a tortura eram o foco principal. Contudo, ele acabou desperdiçando uma ideia incrível, com um grande teor psicológico e social a ser trabalhado.
Se tratando de mais uma distopia, o filme apresenta um Estados Unidos futuro onde, para conter a criminalização, é proposto o chamado “Dia do Expurgo”. Por um dia no ano, você pode praticar toda espécie de crime por 12 horas, sendo que não será preso e nenhuma instituição funcionará, desde hospitais até policiais, é cada um por si mesmo. Após estas 12 horas, tudo volta ao “normal” e não ocorre mais crimes. Assim, vemos uma família tentando sobreviver durante toda a noite, após ter sua casa invadida. O que achamos é que o filme poderia trabalhar toda a questão social, os problemas que esta política acarreta, mas ficou na violência mesmo. Eles até tentaram corrigir isto nos filmes seguintes, mas não funcionou.
7 – A Casa (2020)
E temos um filme recente para colocar nesta lista. A Netflix tem apostado cada vez mais nas produções originais e a Espanha tem sido um berço de produtos diferenciados, que viram sucesso assim que chegam ao público, a exemplo da série La Casa de Papel e do filme O Poço. Por isso, quando foi anunciado este longa, que prometia ser um “novo” Parasita, todo mundo ficou enlouquecido.
A ideia do filme é interessante: um pai de família que já passou dos 40 anos, que está desempregado e busca um novo trabalho a meses. Sem conseguir, ele, a esposa e o filho adolescente tem que deixar o luxuoso apartamento onde viviam e abandonar a vida que conheciam. Porém, o protagonista não aceita isso da melhor forma e decide se infiltrar na vida dos novos moradores de seu antigo apartamento.
Bom, paramos por aí mesmo. Sério, não tem mais nada para falar. O filme simplesmente renega toda essa ideia do homem desesperado, da luta pela família, das consequências que isso pode acarretar a todos, para simplesmente focar em um narcisista, que decide que quer voltar a morar naquele apartamento a todo custo, sem um motivo realmente forte e com uma torneira pingando. Ai, sério, esse filme é daqueles que você assiste pensando que vai melhorar, mas no final é uma bela porcaria. Poderia ter dado certo, mas ficou só no poderia mesmo.
Estes são só alguns dos filmes que desperdiçaram grandes ideias ao apostar no mais convencional ou se esqueceram completamente do que deveria ser mostrado, deixando todo mundo a ver navios.
Além destes, qual outro filme que você se lembra de ter uma ideia boa, mas que não foi o esperado? Conta pra gente e não esquece de compartilhar este post nas suas redes sociais.
Até mais!