qui. nov 21st, 2024

Informações Técnicas

  • Título Original: The Chain
  • Autor(a): Adrian McKinty
  • Tradução: Clóvis Marques
  • Editora: Record
  • Ano de Publicação: 2019
  • Páginas: 378

Sinopse: Vítima. Sobrevivente. Sequestrador. Criminoso. Você vai se tornar cada um deles. O dia começa como qualquer outro. Rachel Klein deixa no ponto de ônibus a filha de 13 anos, Kylie, e segue sua rotina. Mas o telefonema de um número desconhecido muda tudo. Do outro lado, uma voz de mulher avisa que Kylie está no banco de trás de seu carro, e que Rachel só verá a filha de novo se pagar um resgate ― e sequestrar outra criança. Assim como Rachel, a mulher no telefone é mãe, também teve o filho sequestrado e, se Rachel não fizer exatamente o que ela manda, o menino morre, e Kylie também. Agora Rachel faz parte da Corrente, um esquema aterrorizante que transforma os pais das vítimas em criminosos ― e, ao mesmo tempo, deixa alguém muito rico.

A Corrente é implacável, apavorante e totalmente anônima. As regras são simples: entregar o valor exigido, escolher outra vítima e cometer um ato abominável do qual, apenas vinte e quatro horas antes, você se julgaria incapaz. Rachel é uma mulher comum, mas, nos dias que se seguem, será levada a extremos que ultrapassam todos os limites do aceitável. Ela será obrigada a fazer escolhas morais inconcebíveis e executar ordens terríveis. Os cérebros por trás da Corrente sabem que os pais farão qualquer coisa pelos filhos. Mas o que eles não sabem é que talvez tenham se deparado com uma oponente à altura. Rachel é inteligente, determinada e… uma sobrevivente.

Imagem: Divulgação Editora Record
Opinião

O gênero thriller tem se intensificado e crescido muito nos últimos anos. Claro que sempre fez parte do cenário literário e é um dos mais conhecidos, mas a cada novo ano ficamos ansiosos para descobrir qual nova história irá balançar nossas estruturas e explodir nossas cabeças.

Por isso, quando a Editora Record anunciou o lançamento de A Corrente, lá em setembro de 2019, todo mundo já ficou ligado, afinal o livro escrito por Adrian McKinty, nome conhecido e extremamente premiado no gênero lá fora, vinha com recomendações de grandes nomes da literatura de suspense, inclusive de Stephen King, que afirmou que “Esta história é incrivelmente original. Você não vai parar de pensar nela por muito tempo”.

A sinopse do livro é extremamente instigante e nos deixa curiosos, querendo saber o que a trama nos reserva.

Partindo de um censo comum, que é a ideia de que não há nada que uma mãe não seja capaz de fazer para proteger seu filho, a trama nos apresenta Rachel, uma mulher comum, que começa seu dia como está acostumada: acorda cedo, sai para o trabalho, mas antes deixa a filha adolescente, Klein, no ponto de ônibus à espera do transporte escolar.

Porém, a normalidade do dia acaba quando ela recebe um telefonema, no qual uma mulher, também mãe, afirma que sequestrou Klein e que Rachel tem 24 horas para pagar o resgate, mas também deve sequestrar outra criança. Se isso não acontecer, Klein morre, assim como o filho da sequestradora, que também foi sequestrado.

“ – Você tem que se lembrar de duas coisas (…) Número um: você não é a primeira e certamente não será a última. Número dois: lembre-se, não é pelo dinheiro. É pela Corrente.”

Adrian McKinty é um escritor conhecido do gênero e ganhador de vários prêmios / Imagem: Divulgação

A partir deste ponto se inicia a ideia central do livro: uma corrente de eventos, onde uma criança é sequestrada, a mãe recebe o pedido de resgate, como também a ordem para sequestrar uma nova criança. Se elas desobedecem ou “quebram” a corrente, os filhos morrem. Sendo assim, as vítimas se tornam criminosos sucessivamente.

O interessante é que ninguém sabe da onde esta corrente surgiu, o que a está motivando e nenhuma autoridade tem ideia de sua existência. Sendo assim, ela se mantém ativa graças a um único sentimento: o medo. O medo de perder um filho é tão grande, que a pessoa deixa de raciocinar e passa a seguir tudo o que lhe é imposto. Não pergunta, não questiona, não tenta seguir por outro caminho, apenas faz o que lhe é mandado por sentir medo.

Contudo, Rachel é uma peça diferenciada neste quebra-cabeça. Sua filha é tudo para ela e o amor que sente é infinito, porém a mulher é uma sobrevivente. Tendo enfrentado o câncer e com a perspectiva da volta da doença, a mulher sente que não tem nada a perder em sua vida, a não ser sua filha, e por isso se mostra alguém extremamente forte e inteligente diante da situação que se encontra.

Em capítulos rápidos, pequenos e diretos, o livro brinca com essa ideia de qual é o tamanho da sua moral? Qual é o seu limite? Até onde você é capaz de ir por alguém que você ama? Assim vamos vendo pessoas comuns, mostrando um lado que nem elas mesmas conheciam e que são capazes das mais diversas atitudes.

O autor tem uma escrita frenética, que nos mantém presos na história capítulo após capítulo, ao ponto de não conseguirmos parar de ler, sempre motivados a descobrir quem estaria por trás desta corrente horripilante.

Sem dúvidas, Rachel é uma das melhores personagens já criada, mais forte possível e um dos pontos positivos do livro. Ela se encontra em uma situação horrível, um verdadeiro pesadelo para qualquer mãe, mas consegue se manter no controle, mesmo tendo que tomar as atitudes mais impensadas.

A trama é extremamente cruel e brutal, te deixa com os nervos à flor da pele e você não sabe para que lado ir: ora acredita que as atitudes dos personagens estão sendo impensadas e que poderiam ser diferentes, em outros momentos torce para que eles tomem a atitude mais horrível possível pois sente que é a única saída.

“Você está numa jaula, despencado para o inferno. E vai piorar. Sempre piora. Primeiro o câncer, depois o divórcio, depois sua filha é sequestrada e você se transforma num monstro.”

Este clima de ansiedade, medo e angustia é crescente na narrativa, te acompanhando até as últimas páginas. Um momento crucial e que te dá um frio na espinha é quando descobrimos como este esquema se mantém fora do radar das autoridades.

Lembra que lá em cima levantei esta questão? Como algo tão terrível e que já pode ter tido consequências negativas, não chamou a atenção da polícia ou ninguém da justiça? Pois bem, a resposta te choca pelo simples fato de ser algo totalmente possível de acontecer. Dentro deste conceito, a corrente consegue administrar as situações, prosperar e se manter a “salvo”. Toda essa questão de possibilidade real meche com nossos sentimentos.

Além disso, outro ponto que é extremamente bem construído, sem dúvidas, é a motivação por trás da corrente. Quando você entende, finalmente, o que está acontecendo e o que se levou a isso, você fica sem fôlego, mais uma vez, por ver muita similaridade com o mundo real. Você se pega pensando: nossa, isso pode acontecer, não pode? A crueldade e brutalidade do sistema todo é algo que te faz ficar sem sono e remoendo tudo o que leu.

O livro expande aquela ideia das correntes que recebemos nos celulares e dá uma visão terrível para algo que pode acontecer / Imagem: Divulgação

Porém, como nem tudo são flores, o final do livro, realmente a última sequência de cenas, deixou um pouco a desejar, no meu ponto de vista. Acredito que faltou um algo mais para fechar, com chave de ouro, uma trama extremamente bem desenvolvida. O que percebi é que a resolução final ficou simplista, muito aquém de tudo o que o livro havia entregado antes.

Acredito que a história merecia um fechamento diferenciado, algo que fosse tão grandioso como tudo o que já havíamos lido. Sabe aquela sensação de quando você vê um doce delicioso na vitrine, sente aquele desejo de comer, mas que, quando come, sente que faltou alguma coisa? Tipo assim: o doce é realmente maravilhoso, tem tudo o que você gosta, mas se tivesse um determinado ingrediente seria o doce da sua vida? Pois é esta sensação que fiquei com o final da leitura: o livro é perfeito, mas faltou algo, ali no final, para fazê-lo entrar na minha lista de favoritos do gênero. Mas claro, esta é uma observação totalmente pessoal e não descarta tudo o que a obra apresentou desde a sua primeira página, que foi extremamente fascinante.

“É isso que a Corrente faz com você. Ela te tortura e te obriga a torturar outras pessoas.”

Enfim, sem dúvidas A Corrente é um thriller inovador, onde o processo de se passar uma ideia ou situação para frente acontece de forma bruta, nos deixando com medo de abrir o celular e encontrar uma corrente no WhatsApp.

Na minha opinião, o livro merece quatro estrelas, porque tirei um ponto pelo sentimento que tive no final. Contudo, recomendo para todos, principalmente para quem é novato no gênero, que não tenha lido muitas produções do estilo e queira se aventurar em uma boa trama.

Se você ainda não leu, não perde mais tempo, pois os direitos do livro já foram comprados e ele vai ganhar uma adaptação cinematográfica pela Paramount Pictures. Só posso dizer que estou extremamente ansiosa e acredito que a história tem tudo para ser um filme de sucesso.

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Até mais!

 

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