ter. dez 3rd, 2024

Produções chamam a atenção por suas histórias e personagens, mas acabam sofrendo quando adaptações reais são feitas

Na próxima semana estreia na Netflix o live-action de One Piece, um dos animes mais populares dos últimos tempos e que gera uma grande expectativa no público.

Os animes são desenhos animados japoneses que adaptam, em sua grande maioria, os mangas, as conhecidas histórias em quadrinhos do Japão, que são populares nos quatro cantos do mundo, com fãs de todas as idades.

As histórias dos animes são encantadoras, seja pela trama bem construída, pelos personagens interessantes ou pelo visual único. Mas, infelizmente quando se fala de adaptação live-action, os resultados não são tão positivos, com filmes e séries que acabam desagradando o público.

Mesmo assim, estúdios e produtoras não desistem das adaptações e cada vez mais temos lançamentos do tipo. Mas a questão principal é: animes precisam de live-action?

Levantamos alguns pontos que achamos importantes sobre esta questão e vamos discutir as dificuldades em adaptar este tipo de produção.

Bora lá?!

– Depende do gênero

Para começar, temos que dizer que o gênero de um anime contribuí muito para sabermos se seu live-action será bem-sucedido. Animes de romance, colegiais, drama, mistério, suspense, histórias de dia a dia tem um potencial maior de conseguir ser adaptado do que produções de fantasia, magia, sobrenatural. Isso porque as tramas que ficam mais ligadas ao “mundo real”, como é o caso do romance, não necessitam de tantos artifícios para serem produzidas. Um exemplo bem-sucedido de anime que teve adaptação live-action é Hana Yori Dango, que teve adaptação de dorama japonês de mesmo nome, sul-coreano com Boys Before Flowers, chines em Meteor Garden e até tailandês com F4 Tailândia, sendo todos extremamente famosos e satisfazendo os fãs tanto do manga quanto do anime.

Hana Yori Dango é um anime em que suas adaptações live-action tiveram muito sucesso em todas as versões que foram feitas / Imagem: Reprodução/ Divulgação – Montagem: Legião Jovem
– Histórias ricas em detalhes

Falamos de como o gênero é importante para determinar se o live-action de um anime tem mais ou menos chances de dar certo, então, seguindo na mesma linha, temos que falar da história em si. Geralmente, animes possuem histórias complexas e cheias de detalhes, que fazem toda a diferença para quem acompanha. Se você já assistiu algum anime, sabe que muitas vezes, quando se perde um ou dois episódios, você pode ficar com a sensação de que perdeu muito mais. Até falas de personagens são importantes para a trama, por isso as temporadas de animes são tão longas e variadas. Temos uma riqueza em detalhes para construir a história como um todo, que podem ser desperdiçadas ou perdidas em adaptações.

– Construção de mundo e personagens

Ainda complementando a questão da história, algo que está intimamente ligado a isso é a construção de mundo e personagens. Como dissemos, as histórias de animes são extremamente ricas em detalhes e isso vai diretamente na forma como o mundo é construído e seus personagens. Mesmo que se consiga criar o mundo da forma que se imaginou, pode acontecer de o personagem acabar perdendo alguns pontos importantes durante a adaptação e fica estranho para quem não conhece a trama por trás dele. Sabe quando você assiste um filme ou uma série e não entende o porque das atitudes de um personagem, fica se perguntando porque ele é daquela forma e até se sente distante dele? Isso acontece quando a construção do personagem não ocorre como era de se esperar. O mesmo na construção de mundo, onde a simples falta ou presença de um elemento pode afetar o todo.

– Que efeito é esse?

E este é um dos fatores que mais desagrada quem curte anime, quando uma adaptação acontece: os efeitos visuais. Animes são conhecidos por terem características estéticas únicas e muito caricatas. É a boca de um personagem que cai no chão quando ele se surpreende, são os olhos grandes e arregalados quando se assusta, é a marcação vermelinha da bochecha quando se envergonha e por aí vai. Além disso, quando temos tramas fantásticas, sobrenaturais, também temos personagens imaginados justamente para o anime, que devem ser criados do zero no live-action, usando maquiagem ou CGI, além de cenários inteiros a serem criados. E é aí que a coisa pode desandar.

Visual do demônio de Death Note não agradou e a solução foi colocar o personagem escondido na sombra / Imagem: Divulgação

Efeitos visuais é algo caro, que encarece a produção e a pós-produção, principalmente quando ele é bem feito. E quando se escolhe fazer algo um pouco mais barato, o resultado pode ser desastroso e desagradar o público. Um exemplo mal sucedido é o demônio do live-action de Death Note. O filme não tinha a seu dispor uma grande quantia de dinheiro para usar com os efeitos. A opção foi desenvolver o personagem da forma como deu e colocá-lo praticamente em todas as cenas na sombra, como uma forma de evitar críticas ao seu visual. Nem precisamos dizer que isso não deu muito certo, né?!

– Sem tempo irmão!

Para finalizar, uma questão que é de extrema importância e que faz toda a diferença para os animes é o tempo da produção. Como dissemos lá na introdução, animes são adaptações em desenho de mangas e estes mangas possuem verdadeiras sagas, coleções gigantescas de livros para serem devolvidas. Por este motivo os animes possuem tantos episódios e tantas temporadas. Você já reparou quantos episódios possuí a saga do Majin Boo dentro de Dragon Ball? É algo gigantesco, com vários momentos, viradas narrativas, mudança de personagens, enfim, muita coisa acontece. Agora pensa, como você adapta tudo isso em uma temporada de série com 10 episódios de 30 minutos cada um? Ou em um filme de 2 horas? É muito complicado mesmo que seja um trabalho bem feito. Com toda certeza algo vai ficar de fora, algum personagem pode ser cortado, algum evento pode não existir, e aí já sabe, os fãs vêm com tudo para criticar.

Dito tudo isso, queremos dizer que adaptações de live-action de animes não devem ser feitas? Não é bem assim. Acreditamos que tudo tem um meio-termo. Infelizmente, não temos muitos exemplos bem-sucedidos de adaptações, por isso ficamos com o pé atrás e com expectativas baixas, justamente para evitar uma decepção maior.

Contudo, acreditamos sim que um anime pode ser produzido em live-action de uma forma positiva, desde que seus elementos principais sejam respeitados e exista um cuidado na produção. É difícil sim, não temos como dizer o contrário, mas também não é impossível.

E você, qual a sua opinião? Anime tem que ter live-action ou não?

 
One thought on “Animes precisam de live-action?”

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