Um ano da morte do ator
Hoje, sábado, 28 de agosto de 2021, faz exatamente um ano que o ator Chadwick Boseman nos deixou. Sim, já faz um ano.
Em 2020, além de lutarmos contra o coronavirus, vermos o mundo perder sua cor, também fomos surpreendidos com a morte do astro da Marvel, que estava com sua carreira em ascensão.
Quando ninguém podia imaginar, perdemos aquele que nos apresentou o Pantera Negra, um herói tão importante e necessário para milhões de pessoas em todo o mundo.
Neste dia, para celebrarmos a vida de Boseman, separamos alguns fatos de sua vida que vão além do personagem do MCU.
Vida no Sul dos Estados Unidos
O ator nasceu em 1977 e passou sua infância no estado da Carolina do Sul. Ele era filho de um casal afro-descendente, formado por uma mãe enfermeira e um pai que possuía um negócio de estofados.
Para quem não está muito familiarizado com a história norte-americana, devemos lembrar que o sul do país foi a região que defendia as leis de segregação racial e não aceitava o fim da escravidão e ascensão dos negros. Até hoje a região é marcada pelo racismo. Mesmo assim, Boseman sempre afirmou ter orgulho de ser sulista, de ter crescido em uma “vila” com sua grande família e que, apesar de vivenciar a discriminação, isso só o motivou a querer lutar para conquistar seus objetivos.
Estudioso e acadêmico
Em várias entrevistas ele contou que sempre gostou de estudar, ler e aprender. Além disso, desde pequeno se interessava pela cultura negra e leu vários autores, como Augus Wilson e James Baldwin. Mas o livro que marcou sua vida e ajudou a moldar sua personalidade foi a Autobiografia de Malcolm X.
Com seu interesse nos estudos, não foi surpresa quando ele entrou na graduação em Belas Artes na Universidade Howard, uma instituição historicamente negra nos EUA. No local ele passou a estudar direção e roteiro, sendo que seu grande sonho era se tornar realmente diretor.
Padrinho Denzel Washington
Durante a graduação, Boseman começou a frequentar as aulas de atuação de Phylicia Rashad, uma conhecida atriz de séries. A intenção dele era melhorar seu olhar para a direção, estando no lugar do ator.
Contudo, ele acabou se destacando e foi um dos selecionados para participar de um programa de teatro em Oxford. Porém, ele e os outros selecionados do grupo não tinham dinheiro para bancar a viagem. Rashad então conseguiu um patrocínio com bolsas de estudo. Mais tarde Boseman descobriu que o ator Denzel Washington foi o responsável por sua bolsa e passou a considerá-lo seu padrinho na atuação.
Direção ou atuação, eis a questão!
Como já dissemos, quando iniciou na graduação, a intensão de Boseman era se tornar diretor e roteirista. Desde pequeno ele gostava de escrever histórias e um texto seu foi escolhido para se tornar peça de teatro na época da escola.
Porém, após se formar, o ator se viu dividido entre a direção e a atuação, sem saber qual caminho seguir. Ele queria seguir seu objetivo inicial, mas amou estar nos palcos. Sem pensar muito, resolveu arriscar e se mudar para Los Angeles afim de investir na carreira de atuação. Começou nos teatros, passou para TV até chegar nos filmes, onde se tornou conhecido por protagonizar várias biografias de grandes personalidades.
O Pantera Negra
Apesar de já ter outros trabalhos em sua carreira, a fama e reconhecimento veio mesmo quando ele foi selecionado para viver o herói Pantera Negra, o primeiro herói negro da Marvel. Boseman nunca escondeu sua satisfação por ter sido escolhido e como o personagem mudou sua vida.
Para se ter ideia, após o filme de 2016, ele resolveu fazer um teste de DNA ancestral e descobriu suas raízes na África, com povos antigos da região que hoje é Serra Leoa. Segundo o que ele afirmava, o personagem o fez se conectar com suas origens, ter orgulho de sua história e querer lutar por mais representatividade nos cinemas, em tudo o que diz respeito à cultura negra.
Respeito à Stan Lee
Já que falamos do personagem, temos que falar do criador. Boseman sempre deixou claro o respeito e admiração que tinha por Stan Lee, o grande criados dos heróis da Marvel.
Algumas pessoas criticavam o autor por ter criado um personagens negro, mesmo sendo branco. Porém, para Boseman isso só mostrava a força e o caráter de Lee, que nunca abaixou a cabeça para o que a sociedade pregava. Em 1966, enquanto rolava os conflitos de segregação, ele publicava a primeira revista do Pantera Negra.
Uma luta que ninguém viu
Se nos cinemas ficamos encantados com as cenas de lutas e combate de Boseman, nos bastidores ele travava uma batalha dura, que ninguém viu.
Sem ninguém imaginar, o ator estava enfrentando um câncer extremamente agressivo, que foi descoberto quando ele gravava o filme solo do Pantera Negra.
Ele não queria afetar a forma como as pessoas o viam e nem deixar seus trabalhos, por isso não contou para ninguém, somente para familiares próximos, o que estava acontecendo.
Por isso, na noite de 28 de agosto de 2020, o mundo foi pego de surpresa com o anúncio de sua morte. Ninguém estava entendendo o que estava acontecendo, nem mesmo seus companheiros de tela. Naquele momento vimos sua força e como foi um herói da vida real.
Sempre forte diante de todos, talvez o momento em que ele deixou transparecer sua luta foi durante um dos eventos de promoção do filme do Pantera, quando ele e o elenco principal visitaram um hospital infantil.
Durante uma sessão de perguntas, uma criança que negra, que estava em tratamento contra o câncer, afirmou que queria estar bem e estava lutando para poder ver o filme do herói no cinema. Boseman abaixa a cabeça e começa a chorar copiosamente.
Para nós, aquele momento era apenas de um ator se sentindo tocado pela história, mas para ele, em seu interior, aquilo dizia muito mais sobre sua realidade.
O mundo perdeu uma de suas maiores estrelas, alguém que estava trilhando um caminho incrível, cheio respeito e amor.
Os fãs da Marvel perderam um herói que tinha muito o que mostrar, que colocou seu sangue para entregar um dos melhores filmes dos últimos tempos, vencedor de Oscar.
Porém, sua memória e seu legado são imortais, nunca serão esquecidos, estarão sempre em nossos corações.
Chadwick Boseman, aonde estiver, obrigado por tudo!