Confira o que achamos do filme
Chegou nos cinemas na última quinta-feira, 2 de março, Creed III, o terceiro filme desta nova franquia dentro do universo de lutas tão conhecido de Rocky.
Contando novamente com o protagonismo de Michel B. Jordan, que desta vez também assume a direção, mas sem o retorno de Sylvester Stallone na trama, a produção pretendia assumir para si uma nova direção, mostrando que não depende dos filmes clássicos, iniciados lá em 1976, para se manter de pé e atuante.
Mas será que a produção consegue cumprir esta meta? Será que deixou de ser um reboot, remake ou spin-off e alcançou um lugar próprio para sua narrativa?
Já respondendo logo de cara as perguntas que fizemos: sim, a resposta para todos estes questionamentos é mesmo sim.
Desde que Creed: Nascido Para Lutar foi lançado lá em 2015, foi possível perceber que a intenção de Ryan Coogler não era repetir e contar a mesma história de Rocky Balboa. Num primeiro momento, até imaginamos que estaríamos vendo um spin-off, que mostraria personagens deste universo de lutas em outras tramas.
E apesar de realmente termos o retorno de personagens conhecidos, o que vimos foi uma trama que se voltou para outro lado e buscou pautas próprias para contar o que queria contar. Nesse sentido, mudamos de cidade, mudamos de classe social, mudamos personalidade de personagens e, por fim, mudamos realmente a história.
Dito tudo isso, o terceiro filme de Creed vem para mostrar de vez que não temos uma continuação da franquia de Stallone, mas o surgimento de uma nova franquia, que é capaz de seguir a passos firmes, sem ter que se apoiar de forma alguma em algum outro elemento, que não seja aqueles criados dentro de seu próprio universo.
A história do terceiro filme é muito bem desenvolvida, temos o crescimento e amadurecimento dos personagens, inclusive percebemos como a relação entre o personagem de Jordan e de Tesse Thompson evolui para um relacionamento extremamente real, com questões sobre paternidade, sonhos, companheirismo, dificuldades diárias e muito mais.
Além disso, vemos Adonis está lidando com sua fama e carreira crescente, ao mesmo tempo em que lida com o fato de agora ser pai de uma menina, sendo que ele mesmo sofreu para crescer sem uma figura paterna. Como ele passa a lidar com esta questão em sua vida é mostrando, apesar de que, na minha opinião, poderia ser mais explorado.
Contudo, um dos grandes pontos do filme é sem dúvidas a relação de Adonis com Damian, vivido por Jonathan Majors, que era um amigo de infância do protagonista e dito como prodígio do boxe, mas que acaba preso e sai da cadeia anos depois, querendo retomar sua vida e carreira e vendo na figura do ex-amigo alguém que “roubou” o seu lugar.
É Damian que faz com que Adonis confronte seu passado e perceba questões importantes que ronda sua vida, além de que ele acaba se tornando o motivo para que o lutador resolva voltar aos ringues, em uma luta que tem muito mais em jogo do que apenas uma vitória. Contudo, vemos que Adonis é quem tem muito a perder, enquanto Damian não se importa com nada, pois tudo o que tinha perdeu. A construção do personagem, como o entendemos como o vilão, antagonista deste filme, é tão bem desenvolvida, que acabamos entendendo suas motivações.
Para finalizar, não podemos deixar de mencionar como a direção de B. Jordan foi boa. O ator acabou não se arriscando muito em seu debut na direção, preferindo seguir o caminho que Coogler apresentou antes, mostrando os personagens em momentos específicos de forma mais focada, com os rostos aproximados da câmera, enquanto as lutas seguem planos mais abertos. Não foi nada inovador, mas já mostrou um bom condicionamento do ator na nova função.
De forma geral, temos um filme bem conduzido, com uma trama redonda, que cresce conforme os atos vão passando, personagens reais, com dilemas reais, e uma direção consistente com o que se pedia. É uma produção que marca, de forma definitiva, seu espaço dentro do gênero de forma independente.
Para nós, um dos grandes méritos de toda franquia Creed é o fato de ter apresentado filmes clássicos de luta para toda uma nova geração, sem prometer revolucionar nada, respeitando a história e o legado de outras produções, mas também imprimindo sua própria identidade. Algo que muitas outras produções tentaram e não conseguiram.
Creed 3 segue nos cinemas.