qui. nov 21st, 2024

Filme retoma famosa franquia de sobrevivência distópica

No nosso Claquete de Terça desta semana, não temos como falar de outra produção que não seja Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, longa que chegou nos cinemas no último dia 16 de novembro.

O filme é um spin-off da franquia Jogos Vorazes, que teve seu primeiro longa lançado em 2012, se tornando um verdadeiro sucesso de audiência e bilheteria, tanto por parte do público geral, quanto dos fãs dos livros escritos por Suzanne Collins.

O sucesso foi tamanho, que a franquia se tornou uma das mais conhecidas do cinema na segunda metade dos anos 2010 e fez com que inúmeras produções que explorassem o conceito de jogos de extermínio e luta pela sobrevivência fossem lançadas. Até hoje, a franquia é considerada uma das melhores adaptações já feitas para o cinema.

Com os livros lançados e os filmes também, por muito tempo os fãs pediram que a autora voltasse com alguma nova história. E em 2020 ela ouviu esses pedidos e lançou o livro que serviu de base para o filme recém-lançado.

Focando na origem do vilão deste universo, a obra literária foi um verdadeiro deleite para os leitores e sua adaptação era imensamente aguardada. Mas será que o novo filme consegue repetir o sucesso de seus antecessores? Valeu a pena retornarmos para este mundo? Confira o que achamos.

Uma coisa que devemos deixar claro antes de mais nada, é que você não precisa, necessariamente, ter assistido os filmes anteriores (ou lido os livros). É claro que sabendo do que se trata a história, fica muito mais fácil de entrar de vez na trama do longa. Porém, mesmo se você não tiver esse conhecimento ou já não lembrar da história como um todo, fique tranquilo, pois o que você precisa saber esta presente na trama.

Dito isso, o enredo volta no tempo, mais de 60 anos, durante a décima edição dos Jogos Vorazes de Panem. Todos os anos, um menino e uma menina dos 12 distritos do local são escolhidos para irem a Capital e disputarem os jogos de sobrevivência, como forma de “relembrar e comemorar” o sucesso da vitória sobre a revolta contra os rebeldes.

Contudo, a audiência do “programa” não vai bem e por isso uma mudança é feita na décima edição, que contará com padrinhos que serão responsáveis por preparar e aconselhar os tributos de cada distrito. Neste contexto conhecemos o jovem estudante Coriolanus Snow, interpretado brilhantemente pelo ator Tom Blyth. E o primeiro ponto forte do longa é justamente a construção de personagem que temos desde o primeiro segundo que Snow aparece em cena.

Quem conhece sabe bem quem ele se tornaria, contudo, vamos vendo como as coisas aconteceram para chegar até o ponto de termos o desprezível Presidente Snow tal qual nos é mostrado “futuramente”. O interessante é que, diferentemente de outras produções de origem, que buscam dar uma passada de pano para o vilão, mostrando como ele sofreu e que por isso ele se tornou da forma como era, aqui isso não acontece. É claro que Snow não é mal desde o começo, porém as características marcantes de seu personagem estão presentes desde o primeiro instante, na forma como ele enxerga as pessoas como peças, no seu pensamento de querer estar acima de todos, na forma como ele não se importa de usar os meios que tiver ao seu alcance, sejam quais forem, para atingir seus objetivos e por aí vai.

O trabalho desenvolvido por Blyth é tão bem feito, que por vezes acreditamos que realmente estamos vendo a versão mais jovem do personagem que já havíamos conhecido. Ele mergulha de cabeça no personagem e entrega tudo o que era esperado dele.

E o mesmo podemos disser de sua parceira em cena, Rachel Zegler, que dá vida a jovem tributo do distrito 12, Lucy Gray Baird. Sabemos que Zegler tem sido um nome polêmico nos últimos tempos, principalmente por suas opiniões controvérsias do live-action de Branca de Neve, da qual é protagonista. Contudo, isso não pode ser motivo para desmerecer o trabalho que ela desenvolveu aqui. Desde o primeiro momento ela rouba a cena para si, desempenhando um papel performático que era algo pedido de sua personagem, mostrando seu talento para canto e o carisma que Lucy precisava ter para conquistar o público.

A parceria de Blyth e Zegler é incrível, sendo que os dois conseguem desenvolver seus papéis de forma crível, mostrando que seus personagens são opostos em tudo, mas que existe algo ali que acaba os ligando um ao outro. Sem dúvidas é uma das parcerias mais bem conduzidas que tivemos nos filmes nos últimos tempos.

Ainda na parte do elenco, é claro que temos que dar o devido destaque para Viola Davis, que aqui assume o papel de vilão como Dr. Volumnia Gaul, entregando uma performance espetacular, que nos faz ter ranço de sua personagem e de seus objetivos perturbadores. Além dos três, o elenco acaba sendo primoroso e espetacular em cena, com Hunter Schafer, Peter Dinklage, Josh Andrés Rivera e outros.

O filme tem um ponto ainda mais importante e que agrega em seu desenvolvimento, que é fato de contar com a direção de Francis Lawrence, que foi o diretor de todos os outros filmes da franquia, tirando apenas o primeiro. Ele já está inserido nesse universo há tempos, sabe o que funciona e o que não funciona em cena, conhece os caminhos que precisa seguir para entregar a história que todos querem ter. Além disso, ele acaba contribuindo com a fotografia, direção de arte, produção, que estão realmente impecáveis e nos transportam para este universo, que apesar de já conhecido, parece realmente que estamos vendo uma versão antiga, primitiva do que vimos antes.

Contudo, existe um ponto que deixou a desejar, pelo menos por aqui. O filme tem 2 horas e 38 minutos, não é curto, mas também não é extremamente longo. Porém, a percepção que fica é que, por incrível que pareça, ele merecia ser dividido em dois filmes.

Essa não é uma praticamente que realmente gostamos ou defendamos, pois achamos que muitas vezes ela é usada como forma de fazer a história de prolongar sem necessidade, só para segurar a audiência e, claro, conseguir mais dinheiro. Porém, este não é caso aqui, pois existe um momento em que a história parece se encerrar depois do terceiro ato e iniciar novamente em um quarto ato. Se você já assistiu o filme, possivelmente sabe qual momento é esse. E isso não é exclusivo do longa, pois no livro também temos esta quebra na trama, mas por se tratar de uma obra literária não faz tanta diferença.

Porém, na adaptação sentimos que depois do terceiro ato, as coisas começam a tomar um rumo mais frenético, mais agitado, como se uma nova história tivesse sido iniciada, mas não tivesse tempo suficiente para contar da forma como precisava, por isso algumas questões ficaram de fora, momentos importantes que precisavam ser desenvolvidos. Com isso, fica a sensação de que se a história fosse dividida, haveria muito mais ganhos do que percas.

No final, Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é um filme muito bom, que contempla e vem para favorecer a franquia de forma a agregar no universo. Que consegue manter a mesma qualidade dos filmes anteriores, indo ao passado e o ligando de forma perfeita com os acontecimentos já conhecidos. Existem pontos a serem considerados, principalmente este do final corrido, mas não é algo que chega a realmente manchar todo o trabalho desenvolvido.

De uma forma positiva e surpreendente, temos aqui um filme de origem que realmente se mostra condizente com a obra original e até mesmo necessário para o todo do universo. Além disso, ele acaba abrindo espaço para que mais tramas possam acabar surgindo. Eu consigo pensar em pelo menos uma história que gostaria de conhecer.

 

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