Confira o que achamos da continuação da série
Chegou a hora de falarmos o que a gente achou da 2ª temporada de Mindhunter, série original Netflix que estreio no dia 16 de agosto. Vamos falar dos melhores pontos, o que mais foi legal e o que deixou a desejar.
Nem precisamos disser que este post terá spoilers, por isso, se você ainda não assistiu os episódios, melhor parar por aqui.
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2ª Temporada
A segunda temporada da série inicia no mesmo ponto em que a anterior terminou, mostrando os problemas criados com o vazamento do trabalho desenvolvido dentro do FBI pelos agentes Holden Ford (Jonathan Groff), Bill Tench (Holt McCallany) e pela doutora/ pesquisadora Wendy Carr (Anna Torv).
Logo de cara vemos Holden internado em um hospital, sendo tratado de uma crise de pânico que foi desencadeada quando ele ficou sozinho com o assassino serial Edmund Kemper (Cameron Britton), porém ninguém sabe que ele está no local.
Na sede do FBI, Bill e Wendy são apresentadas ao novo supervisor da unidade, que assume o poder depois da aposentadoria do anterior. Este novo chefe gosta dos serviços desenvolvidos pela Unidade de Ciência Comportamental e, diferentemente do anterior, vê grande potencial nos estudos e por isso garante que eles terão todos os recursos necessários para expandir a unidade. Ele também pede que os dois fiquem de olho em Holden, pois, apesar de acreditar nos métodos usados por ele, acha que o jovem ainda é imaturo e pode ter atitudes prejudiciais ao departamento.
Depois disso, vemos Holden ligando para Bill, contando aonde está e pedindo para o colega o buscar. Bill até diz ao “amigo” para tomar cuidado e não deixar suas emoções extrapolarem, além de lhe dar uma bronca por ter ido visitar um assassino sozinho.
Outro ponto chave é que Holden, Bill e Wendy descobrem quem foi o responsável por vazar as fitas das entrevistas aos jornalistas e se surpreendem ao descobrir que foi o companheiro deles, que passa a ter mais destaque na série, mas é meio que deixado de lado pelos outros.
O caso principal e os outros assassinos
Diferentemente da primeira temporada, que focou na apresentação dos personagens, na teoria comportamental que estava surgindo e nas entrevistas com assassinos, sendo que vemos a teoria virando prática nos dois últimos episódios, neste segundo ano o foco realmente é o avanço que eles conseguem e o uso para desvendar os assassinatos de crianças negras em Atlanta.
Verdade seja dita, a maior parte dos episódios mostra as dificuldades de aceitarem a ideia de seguir um perfil psicológico para prender um criminoso, a burocracia envolvida em todo o trabalho e o próprio preconceito pelos modos operantes defendidos por Holden e por Bill.
Aliás, Holden é muito criticado ao longo dos episódios, sendo sempre tratado com desconfiança, até mesmo pelos seus companheiros, o que coloca a dúvida em sua mente nos dois últimos episódios, se ele está certo em seguir defendendo seu ponto positivo. Aqui abrimos espaço para uma crítica, pois sabemos que o roteiro quis mostrar como o personagem estava certo e que devia seguir com seus pensamentos, porém deixaram Holden chato em alguns momentos, principalmente quando ele não abre a cabeça para outras ideias.
Nós entendemos que ele estava certo o tempo todo, que sua teoria iria ser comprovada, mas em alguns momentos ele parece aquela criança mimada que não aceita não como resposta, que bate o pé e resmunga o tempo todo, que não olha ao seu redor e não percebe o que está acontecendo a sua volta. Isso irrita muito.
Porém, como dissemos, passadas as dificuldades o caso é desvendado e conhecemos o Monstro de Atlanta, um jovem negro que fez 31 vítimas, com idades dentre 11 e 17 anos, tirando outros dois jovens de 20 e poucos anos. É interessante porque, mesmo quando os episódios não estão diretamente focados no caso, vemos ele evoluindo, meses após meses, através de reportagens e atualizações de vítimas, até o FBI ser envolvido. A série conduz isso de forma brilhante.
Em contra partida, vemos Wendy conduzindo suas pesquisas e até mesmo entrevistando um jovem, que era companheiro de um pedófilo assassino, que acabou matando o seu mentor e tem raiva que o considerem gay. É bem interessante este ponto, pois Wendy utiliza de sua própria sexualidade para conduzir a entrevista, mesmo que seus companheiros não saibam que ela é lésbica. Sobre isso falaremos mais à frente.
Outro grande ponto da série é a entrevista com Charles Manson, que era um dos momentos mais aguardados de toda segunda temporada. E olha, podemos disser que foram atendidas todas as nossas expectativas, com uma atuação brilhante de Damon Herriman, que também interpretou o assassino no último filme de Tarantino. Herriman arrasa com sua loucura cheia de paz e amor, não tem exagero e nem falta de personalidade, deixa a gente de boca aberta, igual ao Holden, com suas respostas fundamentas e sua oratória perfeita. Vendo ele falar, dá pra entender como Manson conseguiu fazer jovens matar em seu nome.
Para finalizar esta parte, temos nosso “querido” Dennis Rader, o Assassino BTK, sendo mostrado novamente, com suas entradas nos inícios e finais de episódios. Vemos a evolução do personagem, em seu sadismo e psicologia sexual. Muitas pessoas ficaram decepcionadas pois, apesar de ele ser mencionado em vários episódios, seus crimes não foram mostrados e nem sua história foi contada.
Porém, vale lembrar que a série se passa no final da década de 70 e início dos anos 80, época em que BTK cometeu seus crimes. Contudo, ele só foi preso em 2005, depois de assumir a autoria dos crimes e debochar da polícia que nunca conseguiu o capturar, apesar dele ter mandado várias e várias cartas e mensagens sobre seus atos. Por isso, mesmo vendo ele na série, dificilmente teremos ele abordado devido a lógica do tempo.
O filho de Bill
Desde a primeira temporada a gente sabe que Bill é casado e tem um filho pequeno. Também desde a primeira temporada nós, do Legião Jovem, percebíamos algo de diferente no menino, que sempre foi retratado de forma mais solitária, sempre calado e sem muito contato com os outros.
Isso nos levantou alguns questionamentos, do tipo se a criança teria algum problema psicológico ou se seria coisa da idade ou personalidade, contudo, os episódios avançaram e a criança não teve foco.
Porém, nesta segunda temporada, a maior revelação ficou mesmo com o filho de Bill, que descobrimos ser adotado e estava presente quando seus amigos mataram um bebezinho. Como se não bastasse tudo isso, o corpo da criança foi colocado em uma cruz e descobrimos que foi o filho do agente que sugeriu que isso fosse feito. Detalhe, o filho de Bill tem apenas sete anos.
Outro ponto que chama atenção é que, mesmo sendo falado que o menino só deu esta ideia de colocar o bebe em uma cruz porque achava que iria salvar a criança, também vemos que o menino tem atitudes estranhas e foi ele que roubou a chave da mãe, que é uma corretora de imóveis, e levou os amigos até a casa de aluguel onde foi cometido o crime.
Deste ponto vemos, em todos os episódios, Bill e sua esposa Nancy (Stacey Roca) tentando entender o que aconteceu para ajudar a criança. Eles começam a ter que visitar psicólogos e uma assistente social está sempre aparecendo. Nem precisamos disser que isso tudo começa a afetar o casamento deles e o desempenho de Bill no trabalho, sendo que somente Wendy sabe o que aconteceu.
Além disso, o roteiro é muito esperto pois coloca pequenos fatos que nos fazem pensar se o menino não sofre de psicopatia, ao mostrar que ele faz xixi na cama, está sempre sozinho e que quando se interessa por algo, foca nisso intensamente, como quando na cena que ele encara uma menina no balanço. Todos estes sinais de alerta estão presentes na vida de psicopatas.
Também temos Bill se confrontando com a ideia de que seu filho pode ser um assassino em falas vindas de outros personagens e situações vividas dentro das investigações, que mostram que o agente está muito preocupado.
Por fim, vemos que Nancy, que antes tentava tapar o sol com a peneira e agir com naturalidade, não consegue segurar a pressão, diz que não conhece o filho, agradece a Deus por ele não ter “saído” dela e, por fim, toma a atitude de mudar de casa enquanto Bill estava fora, como vimos no último episódio. Tudo é muito tenso e bem construído, deixando no ar se, futuramente, o menino será um psicopata ou se tudo não passou de traumas e fatos da infância.
E a Wendy?
A maior crítica que fazemos nesta temporada é o fato de, literalmente, terem esquecido a personagem Wendy no churrasco.
Enquanto, no começo da temporada ela está bem ativa, vemos a personagem tomando atitude de conhecer uma nova pessoa, fazendo questionamentos internos sobre como deve agir e levantando uma ideia de machismo dentro do FBI, nos últimos episódios ela não chega em lugar nenhum.
Isso acontece porque, conforme as investigações em Atlanta avançam, o foca da narrativa vai se encaminhando para esse lado e como Wendy não vai a campo com Holden e Bill, ela acaba ficando em segundo plano, ou melhor em terceiro mesmo.
Tudo o que foi levantado lá nos 4 primeiros episódios foi descartado, desprezado pelo roteiro, sendo que a personagem mal aparece nos 4 últimos, no sétimo, por exemplo, não vemos ela em nenhum momento.
Isso nos desagradou, pois Wendy tem um grande potencial de história, é uma personagem que carrega com sigo grandes tabus, como a sua opção sexual e o fato de ser uma mulher, enfim, tantas coisas podem ser trabalhadas a partir dela, mas nada aconteceu.
Acreditamos que isso tenha ocorrido pela série ter oito episódios, o que limita bem o tempo e faz tudo ter que ser resolvido rapidamente. Este, aliás, é um grande problema que a dona Netflix deveria rever. Tem séries que tudo bem ter pouco episódios, pois o gênero e a narrativa cabem neste contexto, mas algumas, como é o caso de Mindhunter, que é tensa, com temática complexa e muito psicológica, precisa de mais tempo para se desenvolver.
Esperamos que revejam isto para próxima temporada e que Wendy tenha o espaço merecido.
Enfim, Mindhunter evoluiu muito em seu segundo ano, entregou uma narrativa ótima, que mantem seu tom sombrio ao mesmo tempo que nos ensina muito. Tem suas falhas, mas merece ser exaltada e divulgada.
Por enquanto, a Netflix não anunciou a renovação da série, mas com tantas histórias ainda em aberto e com um público fiel, que dá nota de 98% de aceitação no catálogo da plataforma, podemos esperar o anuncio em breve.
E você, já assistiu a nova temporada? Concorda com a gente ou discorda do nosso ponto de vista? Deixe nos comentários.
Até mais!
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