sáb. nov 23rd, 2024

Quando a Netflix anunciou, lá em 2015, que estava preparando uma nova série original e disponibilizou a sinopse, muitas dúvidas surgiram e grande parte dos assinantes não entenderam muito do que se tratava.

A produção estreio em 16 de julho de 2016 e se tornou um dos maiores fenômenos da cultura pop atual. Quem diria, três anos depois, estamos aqui, com o coração nas mãos, para avaliar a terceira temporada de Stranger Things.

AVISO!!!Se você ainda não assistiu a nova temporada da série, não continue este post, pois terá spoilers!

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O terceiro ano da série dá um salto no tempo e se inicia no verão de 1985, um ano depois dos eventos vistos na segunda temporada. Nossos amados nerds não são mais crianças, estão entrando na adolescência e, com ela, vem todos os problemas e dilemas típicos da idade.

Eles estão felizes e vivendo suas vidas de forma leve, sem se preocupar com nada, afinal, eles derrotaram o maior vilão, certo?! Bem, claro que não.

Imagem: Divulgação

Mesmo tendo um ritmo mais lento do que as temporadas anteriores, principalmente nos dois primeiros episódios, que ficam mais focados em mostrar como estão os personagens conhecidos, introduzir novos e mostrar uma nova ambientação dentro da cidade Hawkins, fica claro, desde o primeiro instante, que o perigo não acabou e a ameaça se tornou maior e mais presente no mundo “real”.

A partir do terceiro episódio, a produção pisa no acelerador e mostra que veio com tudo para dar aos fãs exatamente o que eles esperam, e até mais. A série continua com a mesma pegada nostálgica, que nos transporta para outra década, com o mesmo ritmo e consistência no enredo, e aprofundamento da história, com as mesmas características já conhecidas e amadas.

Novos grupos, novas ameaças e…russos?

Um fator bem interessante desta temporada é a divisão de núcleos e grupos dentro da história. Apesar de ser uma característica da série desde o primeiro ano, quando vemos três grupos, formados pelas crianças, pelos jovens e os adultos, descobrindo as ameaças que pairaram na cidade de formas diferentes, mas que se juntam no final, a terceira temporada apresentou esse mesmo conceito de forma diferente.

Neste ano temos um grupo formado por Hopper (David Harbour) e Joyce (Winona Ryder), que depois recebe a contribuição do jornalista Murray Bauman (Brett Gelman) e do cientista russo Alexei (Alec Utgoff), que percebem que tem algo errado na cidade quando os imãs de geladeira param de grudar no eletrodoméstico. Parece loucura, mas é real.

Imagem: Divulgação

Do outro lado temos Nancy (Natalia Dyer) e Jonathan (Charlie Heaton), que conseguiram um estágio no jornal local e passam a investigar, mais pela curiosidade de Nancy, ratos raivosos que estão comendo produtos químicos.

Vemos Steve (Joe Keery) e Dustin (Gaten Matarazzo) se unirem com Robin (Maya Hawke) e Érica (Priah Ferguson) (falaremos sobre elas mais à frente), depois de interceptarem uma conversa em códigos dos russos, inimigos dos Estados Unidos.

E, para finalizar, temos Onze (Millie Bobby Brown) e Max (Sadie Sink), que acabam abandonando Mike (Finn Wolfhard), Lucas (Caleb McLaughlin) e Will (Noah Schnapp) depois de uma confusão. As meninas descobrem, sem querer, que Billy (Drace Montgomery), irmão da Max, pode ter feito algo ruim e, no final, acabam se unindo aos meninos para tentar descobrir o que aconteceu.

Cada grupo, em seu tempo e história, vai desvendando mistérios, encontrando pistas e problemas, até tudo se conectar de uma forma incrível, que faz todo sentido e explode nossas cabeças. É sensacional como as peças se encaixam de forma perfeita, sem deixar pontas soltas. E esse entrosamento de cada grupo é muito interessante, porque cada um acaba tendo uma química única entre os personagens, o que enriquece muito a série.

As novas ameaças não são tão novas assim, afinal temos o Devorador de Mentes materializado no mundo real, fora do Mundo Invertido, que busca vingança contra Onze e seus amigos, usando Billy como hospedeiro e moradores da cidade como “zumbis”, que acabam morrendo para dar seus corpos ao monstro.

E nesse meio todo, temos os russos, que são os responsáveis por abrir o portal do mundo invertido e liberar o Devorador de Mentes. O partido comunista se infiltrou na cidade americana, com ajuda do Prefeito Kline (Cary Elwes) e, debaixo do shopping local, estão usando uma máquina para abrir a fenda que separa os dois mundos.

É muito louco imaginar essa parte no enredo, contudo faz todo o sentido, afinal a série se passa em 1985, em plena Guerra Fria, com União Soviética e Estados Unidos travando uma batalha armamentista e de espionagem. A forma como o roteiro abordou a questão e introduziu na série é fantástica.

Novos personagens e um vilão já conhecido

Como já mencionamos, o novo ano da série trouxe novos personagens, que acabaram contribuindo para a produção e já se tornaram queridos pelo público.

Temos Robin, que é colega de trabalho de Steve na sorveteria do shopping. Ela é uma garota diferente e inteligente, que acaba tendo papel fundamental na trama, pois é ela que desvenda o código russo interceptado por Dustin. Com isso, foi possível descobrir que os comunistas estavam infiltrados em solo americano. Destaque para atriz Maya Hawke, que deu vida a personagem de forma brilhante. Queremos muito mais dela.

Imagem: Divulgação

Destaque também para Priah Ferguson que voltou na pele de Érica, irmã mais nova do Lucas. Ela foi apresentada na segunda temporada e, mesmo aparecendo pouco, em cenas mais pontuais, acabou roubando a cena e se tornando tão querida pelo público, que os pedidos para que ela aparecesse na terceira temporada foram enormes. Claro que os criadores, os irmãos Duffer, ouviram o clamor popular e temos muito mais dessa criança fantástica no terceiro ano.

Também temos a introdução do prefeito e de alguns outros personagens, que contribuem para o andamento da série como um todo, como também o aprofundamento de alguns personagens já conhecidos.

Falando nisso, temos Billy como vilão ao se tornar hospedeiro do monstro da outra dimensão. O personagem já era considerado uma espécie de vilão, pois era um valentão e mal caráter.

Contudo, nesta temporada ele assume essa faceta de forma aprofundada, como já indicavam os trailers liberados, mas também vemos um aprofundamento da história do personagem, mostrando motivos que o levaram a se tornar uma pessoa ruim, antes de ter a mente tomada pelo Devorador.

Representatividade feminina

Nesta temporada o que chamou minha atenção, também, foi o espaço que deram a figura feminina. Claro que a série já vinha mostrando este lado desde a primeira temporada, afinal Onze é uma das principais personagens, mais forte e que conduz grande parte da história. Contudo, nesta temporada vemos mais mulheres em ação, lutando pelos seus direitos.

Temos Joyce que se mostra uma mulher muito inteligente e preocupada com o coletivo, que mostra suas ideias, sem se importar com o que vão pensar e não tem medo de gritar, com quem quer que seja, para ter sua voz ouvida.

Temos Max e Onze mostrando que a união entre mulheres é algo extremamente importante e que devemos lutar para descobrir quem somos sem a interferência de ninguém.

Imagem: Divulgação

Como já dissemos, temos Robin e Érica que mostraram que inteligência não tem nada a ver com gênero e que podem fazer o que quiserem, seja traduzir um código russo, entrar em dutos de ar ou enfrentar soldados armados.

Mas, para mim, um dos maiores destaques ficou mesmo para Nancy e sua mãe Karen Wheeler (Cara Buono).Desde o primeiro episódio vemos a irmã de Mike sendo maltratada dentro da redação do jornal, por todos os homens que trabalham no local. Eles a consideram incompetente e inferior, e isso dá uma raiva danada em quem assiste, pois sabemos que é algo real, muito presente até hoje na sociedade.

Porém, quando a personagem está pronta para desistir de tudo em que acredita e jogar a toalha, sua mãe a conforta e temos um dos discursos mais inspiradores, do meu ponto de vista, de todas as temporadas até aqui.

A forma como Karen fala para filha que ela não deve se sentir intimidada, que deve levantar a cabeça, que não tem que desistir e nem ser podada por aqueles estúpidos é tão forte, impactante e totalmente necessária, principalmente em uma série tão vista como esta.

Além disso, vale lembrar que até então, a mãe de Nancy era retratada como uma dona de casa fútil, alienada de seus filhos e frustrada com o casamento. Isso tornou o discurso dela ainda mais impressionante e deu um novo arco dramático a personagem, mostrando que ela tem muito o que mostrar.

Referências e alívios cômicos

Como as temporadas anteriores, a terceira é repleta de referências dos anos 80, com muita música boa, moda colorida e filmes incríveis. Temos referências a clássicos como A Bolha Assassina, Exterminador do Futuro, De Volta para o Futuro, entre muitos outros filmes.

Temos também Burger King das antigas, designer arquitetônico retro e tudo que contribui para nossa imersão na década. Destaque para trilha sonora, claro, com clássicos como Material Girl da Madonna, que toca em uma cena muito divertida e importante para Onze e Max.

Claro que a série também tem os alívios cômicos já conhecidos, mas que subiram de nível. Vemos as piadas e discussões entre Steve e Dustin, temos Hopper e Joyce brigando feito cão e gato porque não conseguem se acertar.

Temos também muita interferência da Érica. Como dissemos, ela é uma ótima aquisição e tem cenas de alívio cômico com sacadas e tiradas geniais, afinal não se escreve América sem Érica, né?!

Imagem: Divulgação

Porém, o maior destaque e momento cômico/fofo desta temporada é protagonizado por Dustin e Suzie, sua namorada. Desde o primeiro episódio, o jovem nerd informa que está namorando uma garota inteligente e linda, que conheceu no acampamento de ciências, e que seu nome é Suzie.

Ninguém parece acreditar na história do garoto, achando que isso é uma invenção da cabeça dele, principalmente porque ele não consegue mais contato com a menina.

Mas, qual não foi a nossa surpresa quando, aos 45 do segundo tempo, a personagem aparece e salva a pátria. Estava todo mundo se ferrando no último episódio, cada enfrentando um perigo diferente e precisavam descobrir um código para abrir um cofre. Dustin consegue contato com sua namorada e pede a ela o número.

Porém, Suzie diz que só irá dizer se Dustin cantar a música. Daí começa um dueto incrível da música The Never Ending Story, tema do clássico História Sem Fim. A cena é engraçada porque está todo mundo correndo perigo e os dois começam a cantar. Mas é muito fofo, um ótimo alívio cômico e vale muito a pena, pois podemos ver os dotes de Matarazzo que já se apresentou em espetáculos da Broadway. Eu estou com a música até agora na cabeça.

Mortes, final e cena pós-créditos

Desde o princípio foi informado que um personagem morreria nesta temporada e, por tudo o que era divulgado, pode-se deduzir que seria Billy. Esta teoria acabou se confirmando, pois, na batalha final, o vilão acabou expulsando o Devorador de Mentes de seu controle e se sacrificou para salvar Onze de ser devorada pelo monstro. Ele teve sua redenção.

Porém, a surpresa maior ainda estava por vir e foi a “morte” do nosso querido xerife Hopper. Ele estava lutando com o soldado russo e acabou parando bem no local onde estava a máquina que abriria o portal do mundo invertido. Para matar o Devorador, era necessário desligar a máquina e fechar a fenda, mas, quando a invenção era desligada, uma grande explosão matava todos que estavam perto.

Em uma cena de cortar o coração, vemos Hopper olhando para Joyce, que está na cabine de funcionamento e, com seu olhar, um sorriso e um leve aceno de cabeça, ele dá a ela autorização para desligar, mesmo sabendo que irá morrer.

Imagem: Divulgação

Desse em ponto em diante somos jogados para uma espiral de emoção, pois vemos um dos personagens mais queridos se sacrificar. Também temos uma Onze toda fragilizada e sem seus poderes, desesperada ao perceber que perdeu seu pai. A tela fica preta e somos informados que três meses se passaram.

O final do episódio mostra Joyce se mudando para outra cidade com Jonathan, Will e Onze, mostrando que ela adotou a menina. No meio de despedidas, piadas e muito choro, somos presenteados com uma carta escrita por Hopper para On.

A carta ele havia escrito para conversar com ela sobre sua relação com Mike, mas, na verdade, o xerife abriu seu coração, saiu de sua caverna emocional e fez todo mundo chorar. A mensagem dá o tom certo para o final do episódio. Aliás, se a série se encerrasse ali, seria um final triste, mas um final totalmente plausível e épico.

Mas, depois da cena final e dos créditos, temos uma cena onde somos levados para uma base na União Soviética. Lá, dois soldados andam por um corredor cheio de celas e, quando um vai abrir uma porta para pegar um prisioneiro, o outro diz “Não, o americano não”.

O soldado então abre outra cela, pega o prisioneiro e coloca em uma sala trancada. Uma pequena porta se abre e, de dentro dela, sai um jovem Demogorgon, que está em pleno desenvolvimento e ataque o homem para se alimentar.

Teorias e o futuro da série

Claro que a cena pós créditos já deixou todo mundo teorizando que Hopper não morreu e que ele seria o americano que os soldados falaram. Todo mundo começou a supor que o xerife foi pego pelos russos antes da explosão, ou que ele entrou para o mundo invertido e acabou capturado, ou que ele foi tele transportado através da fenda dos Estados Unidos para a base na União Soviética.

Imagem: Divulgação

Outra teoria que surgiu é que Onze perdeu seus poderes porque o Devorador de Mentes morreu e, se Hopper estiver realmente vivo, vão ter que abrir o portal novamente para a personagem recuperar seus poderes e salvar o pai adotivo.

Essas são algumas das questões que a série abriu, entre outras, como o que os russos pretendem? Dominar o mundo invertido e suas criaturas? Veremos Onze recuperando seus poderes e o que aconteceu para que ela os perdesse? Como ficou a relação do grupo com a partida de alguns personagens? E a relação entre Steve e Robin, como seguirá?

Apesar da quarta temporada ainda não ter sido oficializada, tudo indica que ela acontecerá, principalmente porque os criadores já disseram saber qual caminho irão seguir daqui para frente.

O que nos resta agora é esperar e torcer para termos, pelo menos, mais uma temporada da série. Até lá, vamos ter que maratonar todas as três temporadas para controlar nossa ansiedade.

Ah, a resposta é sim! Stranger Things realmente se supera a cada nova temporada e essa é a melhor até aqui. Com certeza a produção já é uma das maiores desta década e irá entrar, ou melhor, já entrou para o hall de melhores séries de todos os tempos.

Nossa crítica ficou grande, mas é que não tinha como falarmos pouco diante de toda grandiosidade desta temporada. Se deixar, a gente fala e fala sem parar e sem cansar.

Você já maratonou a série? Gostou da temporada? O que acha que irá acontecer agora? Conta tudo pra gente e compartilhe nas suas redes sociais.

Até mais!

 

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