qui. nov 21st, 2024

Indústria cinematográfica ainda é conhecida por ser preconceituosa e machista

Hoje é o Dia Internacional das Mulheres, um dia que nada tem a ver com flores e presentes, mas sim dia de muita luta, força e busca por mudanças.

Por anos, nós mulheres fomos taxadas como o sexo frágil e com isso diminuídas dentro da sociedade. Não tínhamos nenhum tipo de direito, nem os mais básicos. Não mandávamos em nossas próprias vidas e destinos, mas os anos nos levaram a ter garra e vontade de buscar nossas próprias vozes.

De passinho em passinho fomos conquistando nosso espaço: poder estudar, trabalhar, votar, escolher quando ter um filho (e se queremos), etc. Contudo, nem tudo são flores. Tivemos sim grandes mudanças e evolução, mas não podemos negar que, ainda hoje, vivemos em uma sociedade machista.

As mulheres representam a minoria na política. Em grandes cargos de chefia, quando existem, ganham menos fazendo a mesma função de um homem e são menosprezadas apenas por serem mulheres.

E quando se fala em violência, o assunto ainda é pior. Somos atacadas pela roupa que usamos (ou não usamos), pelas nossas atitudes, pelas nossas palavras. Somos vítimas de todo tipo de abuso: psicológico, emocional, físico e sexual. Somos mortas todos os dias, a cada hora, a cada segundo.

Mas não desistimos. Na verdade, são todas estas situações que nos fazem ser mais unidas, criar forças e não desistir da luta. O mundo vai entender que nós, mulheres, estamos aqui e não vamos a lugar nenhum, vamos conquistar nosso espaço igualitário, mais cedo ou mais tarde.

Aqui no Legião Jovem falamos de cultura pop, nerd e todo o universo que isto representa. Porém, infelizmente uma das áreas que mais comentamos é justamente uma onde mais vemos o machismo e preconceito contra a mulher: o cinema.

A indústria cinematográfica é um lugar onde existe muita luta feminina e grandes exemplos de preconceito e violência. Prova disso são todos os casos de assédio que vem ganhando a mídia nos últimos anos e todas as formas de discriminações que vemos.

Você sabia que muitas atrizes que participaram de grandes produções, tendo papel de protagonista, ganharam bem menos do que os seus colegas homens, mesmo tendo praticamente a mesma importância? O motivo? São mulheres.

Você sabia que muitas profissionais passam por entrevistas onde são assediadas por grandes homens do meio, mas não podem falar nada pois são tratadas como loucas, perdem seus empregos e ficam com a carreira manchada?

Você sabia que a posição de diretora de filme foi conquistada a pouco tempo, em proporção ao tempo que os homens desempenham esta função, e que a indicação a prêmios por mulheres nesta função é mínima, quase nula?

Pensando neste último fato e também pela grande injustiça que vimos no Oscar deste ano, onde Greta Gerwig, diretora de Barbie, foi totalmente desprezada e não recebeu indicação na categoria de Melhor Direção, resolvemos enaltecer mulheres que enfrentaram essa indústria e desempenham a função de direção de grandes produções. Você com certeza conhece os filmes que listamos, mas pode não saber que era uma mulher está por trás deles.

Vamos para a nossa lista!

1 – Adoráveis Mulheres (2019), por Greta Gerwig

Não podemos começar esta lista sem falar de uma das maiores injustiças que presenciamos nos últimos anos, quando o assunto é mulher na direção. O filme Adoráveis Mulheres concorreu em várias categorias do Oscar 2020, incluindo Melhor Filme, porém, o que chamou atenção e revoltou muita gente (nos colocamos neste grupo), foi o fato da diretora Greta Gerwig não receber indicação de Melhor Direção. Na cerimônia daquele ano, vários pontos foram levantados mostrando porque o evento é considerado preconceituoso, mas, sem dúvidas, a falta de representatividade feminina em uma das categorias mais importantes foi horrível.

Além deste fato desagradável, o filme também é uma produção incrível e sua história tem tudo a ver com o dia de hoje: acompanhamos as histórias de quatro irmãs buscando seus lugares dentro da sociedade e suas lutas diárias para poder ser o que realmente querem. E por irônia do destino, ou não, este ano vemos a mesma coisa acontecendo com Greta.

2 – Mulher Maravilha (2017), por Patty Jenkins

O mundo nerd é um dos mais misóginos. Sim, infelizmente muitos aspectos da cultura pop são considerados masculinos. Quadrinhos, vídeo game, heróis, enfim, tudo isso sempre foi visto como coisa de menino/homem. Porém, nos últimos anos isso tem mudado e temos visto cada vez mais representação feminina nesta área. Um dos filmes que mais representa esta evolução é Mulher Maravilha. O longa é sobre uma super heroína, forte, destemida e que não precisa de homem para ser salva no final do dia. É uma produção incrível, com uma história impecável e uma direção primorosa de Patty Jenkins.

Mas você sabia que tudo isso foi alvo de comentários machistas? Pois é, na época do lançamento, com o grande sucesso de bilheteria e críticas positivas, teve site dizendo por aí que o filme era tão bom que até parecia que um homem tinha feito. Ou então que a diretora estava de parabéns, mas que também era fácil, porque ela já tinha visto outros filmes grandes e pode se inspirar. Quer dizer que Patty não tem mérito nenhum? Se está bom parece coisa de homem e/ou se ela acertou foi porque se inspirou em outros homens? Fala sério!

3 – Meninos não Choram (1999), por Kimberly Peirce

Se você está afim de se emocionar e chorar, este é o filme desta lista que você deve escolher. Kimberly Peirce nos presenteia com uma produção forte, crua, verdadeira e dolorida sobre uma jovem, interpretada pela incrível Hilary Swank, que não se reconhece dentro do gênero feminino, decide se passar por homem e se descobre apaixonada por uma mãe solteira. Esta relação entre as duas mulheres é vista como errada dentro da zona rural de Nebraska e logo graves consequências começam a surgir.

Peirce fala sobre transexualidade sem floreios, mostrando todo o sofrimento que uma pessoa nesta situação passa apenas por tentar ser quem ela é. O filme tem uma das cenas de agressão mais fortes de ser vista e nos causa uma agonia sem tamanho. Contudo, ele é extremamente importante, tem uma temática vivida para os dias de hoje e fez história no cinema, com inúmeras indicações e prêmios conquistados. Também, com duas mulheres incríveis, uma na direção e outra como protagonista, não tinha como ser diferente.

4 – Psicopata Americano (2000), por Mary Harron

Quando se fala em Christian Bale, é impossível não lembrar de sua incrível interpretação no papel de Patrick Bateman, em Psicopata Americano. Todo mundo exalta a forma como ele entrou no personagem, mostrando as duas faces de um mesmo homem: o empresário e o serial killer. Nem precisamos dizer que é um filme premiadíssimo, né?! Contudo, muita gente se esquece que uma mulher estava na direção e conduziu todo este trabalho. Mary Harron soube traduzir o que o autor da história original queria e produziu um filme genial, com grandes cortes de cena, sem se importar em mostrar toda a violência e loucura do protagonista. Ela merece ser exaltada e lembrada pelo filme tanto quanto Bale.

5 – O Babadook (2014), Jennifer Kent

Considerado um dos melhores filmes de terror dos últimos anos, O Babadook é uma trama assustadora, que vai agradar os amantes de terror. Mas se engana quem acha que o filme foi feito só para nos causar medo, com um mostro saído de um livro. Na verdade, sua trama é muito mais profunda e discute um dos principais tabus da humanidade: a mulher ter que ser mãe. Isso é algo intrínseco dentro da sociedade. Se uma mulher escolhe não ter filho, ela é vista como alguém infeliz, que nunca estará completa. Neste longa, a diretora Jennifer Kent trata deste assunto de forma brilhante, mostrando os questionamentos de uma mãe que não sabe se ama o filho. É algo que está escondido, subentendido na história e os mais atentos vão perceber.

6 – Shrek (2001), por Vicky Jenson

Você deve estar se perguntando, “Uma animação nesta lista?”, mas não poderíamos deixar de colocar algo do gênero. Você sabia que apenas 3% de todas as animações feitas são dirigidas por mulheres? Este dado horrível foi revelado por uma pesquisa em 2019 e não deixaríamos de fora. A gente poderia ter escolhido falar de Valente (2012) e Frozen (2014), outras grandes animações também dirigidas por mulheres, mas escolhemos falar de Shrek, pois é uma produção que marcou época e é inesquecível até hoje.

Vicky Jenson dirigi o filme e é considerada uma das grandes inspirações em sua área. Além disso, no longa ela faz uma chacota com os contos de fadas, que sempre menosprezaram a figura feminina, como alguém que precisa ser salva por um homem. É divertido, alegre e tem muitas mensagens empoderadoras sobre aparência, aceitação e respeito.

7 – Que Horas Ela Volta? (2015), por Anna Muylaert

Não poderíamos deixar de fora uma produção brasileira, ainda mais por trazer em seu elenco outra grande mulher. O indicado e premiado em vários eventos, Que Horas Ela Volta?, toca em assuntos sociais, mostra desigualdade entre classes e uma figura que passa desapercebida em muitos lares, a doméstica. Com Regina Casé no papel principal, Anna Muylaert conduz a história com maestria, nos emociona e nos faz questionar nossas próprias atitudes diárias. É uma pérola do cinema nacional e uma visão única de problemas que ficam velados normalmente.

8 – Encontros e Desencontros (2003), por Sofia Coppola

E se por um lado o universo das animações é dominado por homens, por outro o mundo das produções independentes é mais feminino e tem em Sofia Coppola como um dos grandes nomes. Infelizmente, o fato de ter mais mulheres neste meio é justamente porque a grande indústria não dá espaço para as mulheres contarem suas histórias. Neste contexto, Sofia encontrou seu lugar e o desenvolveu de forma magistral, deixando uma grande marca. Ela é responsável pela adaptação aclamada As Virgens Suicidas, mas nesta lista escolhemos falar de Encontros e Desencontros, um drama que lhe rendeu vários prêmios, inclusive o Oscar de Melhor Roteiro Original, deixando para trás longas do circuito principal de produções.

9 – Guerra ao Terror (2008), por Kathryn Bigelow

Em 2010 todo mundo só falava de Avatar, da revolução que a produção de James Cameron promoveu no cinema e todas as apostas eram que ele ganharia o Oscar de Melhor Filme. Porém, deixando para trás os seres gigantes, o grande vencedor da noite foi o filme Guerra ao Terror, longa que mostrava a dura e intensa realidade de soldados no Iraque, que passam pelas mais terríveis situações e que eram responsáveis por desarmar bombas.

Kathryn Bigelow contou com grande elenco e desenvolveu uma história real, recheada de cenas fortes e que deixou todo mundo de queixo caído. Ela também levou o prêmio de Melhor Direção e deixou para trás uma “tradição” de homens desenvolvendo filmes de guerra. Em 2012 ela voltou para o mesmo universo, através do também incrível A Hora Mais Escura, mostrando que quando o assunto é guerra no Iraque ela já é especialista.

10 – A 13ª Emenda (Documentário, 2016), por Ava DuVernay

Já em 2019, Ava DuVernay foi o nome que dominou as manchetes, conquistou o público e foi figurinha carimbada em diversas premiações por sua série Olhos que Condenam, um drama real e chocante da Netflix, que deixou muita gente com repulsa e jogou na cara da sociedade todo o racismo estrutural existente, ao mostrar com ficção, os eventos de um dos casos de maior injustiça cometidos na história da justiça americana: os cinco garotos condenados por um crime que não cometeram.

Porém, três anos antes, em 2016 e também na Netflix, Ava foi a diretora de um documentário premiadíssimo, que trata sobre a 13ª emenda, que acabou por promover o aumento na prisão de pessoas negras, sem comprovação e com julgamentos indevidos. Para quem curte documentários ou mesmo para quem quer começar a assistir este tipo de produção, é uma ótima indicação e tem direção de uma das maiores diretoras da atualidade.

Bônus: Trilogia Matriz, por Lana Wachowski e Lilly Wachowski

É claro que colocaríamos um bônus e neste caso a direção é em dose dupla. De todos os filmes presentes nesta lista, a trilogia Matrix é, talvez, a mais lembrada por ter mulheres na direção, as irmãs Wachowski. Contudo, não poderíamos deixar de fora, afinal os filmes foram uma verdadeira revolução na indústria cinematográfica, alavancou ainda mais a carreira de Keanu Reeves e, para completar, tem duas mulheres na criação e comando de uma história com gênero que é dominado por homens: ficção científica. Por estes e outros feitos, não poderíamos deixar de mencionar, ainda mais depois do recente lançamento do quarto filme. É um marco do cinema, sem dúvidas.

Enfim, estes foram os filmes que escolhemos para compor esta lista e enaltecer as mulheres na direção destas grandes produções. É claro que muitas outras ficaram de fora e gostaríamos de saber de você: qual filme dirigido por uma mulher é o seu favorito?

Nosso desejo é que tanto o cinema, como a cultura pop e a sociedade como um todo, deixem o machismo, a descriminação de lado e olhem para as mulheres de forma igualitária, dando a elas espaço e valor.

Ah e lembre-se de que nós, mulheres, não queremos flores neste dia, queremos respeito e igualdade. Será que isso é tão difícil?

Legião Jovem, você sempre antenado!

 
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