qui. nov 21st, 2024

Domingo na área, está na hora de mais uma Dica de Filme. Agora que o Dia dos Namorados passou, podemos deixar de lado as dicas fofinhas e de romance, para indicar uma produção mais “sombria”, vamos disser assim.

O filme de hoje é Precisamos Falar Sobre o Kevin, produção lançada em 2011. Trata-se de um drama e thriller daqueles que te deixa angustiado, tenso, prende sua atenção e que você fica por horas pensando em tudo o que aconteceu.

Mas atenção: a temática do filme é pesada e pode conter gatilhos para algumas pessoas. Se você é sensível a temas relacionados a depressão e violência, recomendamos cautela.

Bom, sem mais, vamos para nossa dica.

Sinopse e detalhes

Tomando como base o livro de mesmo nome lançado pelo autor Lionel Shriver em 2003, o longa inicia com Eva (Tilda Swinton), uma mulher que mora sozinha e que teve sua casa e carro pintados de vermelho. Maltratada nas ruas, ela tenta recomeçar a vida com um novo emprego e vive temerosa, evitando as pessoas. O motivo desta situação vem do seu passado, da época em que era casada com Franklin (John C. Reilly), com quem teve dois filhos: Kevin (Jasper Newell/ Ezra Miller) e Lucy (Ursula Parker). Seu relacionamento com o primogênito, Kevin, sempre foi complicado, desde que ele era bebê. Com o tempo a situação foi se agravando, mas, mesmo conhecendo o filho muito bem, Eva jamais imaginaria do que ele seria capaz de fazer.

O filme foi produzido de forma independente, mas acabou se destacando no meio comercial e recebendo várias críticas positivas, tanto pela sua história quanto pelos atores. Para se ter ideia, ele recebeu 20 indicações há vários prêmios, incluindo Globo de Ouro, BAFTA, SAGA Award e Critics Choice Award, saindo vencedor de três premiações menores, mas não menos importantes.

A questão da maternidade

Um dos grandes focos tanto do livro quanto do filme é a questão da maternidade. Narrado em primeira pessoa, nós sabemos desde o começo que Eva não queria ser mãe, porém, mesmo expressando este sentimento, ela acaba cedendo ao desejo de seu companheiro.

A sociedade tem esse conceito de que toda mulher tem que ser mãe, não interessa se ela deseja ou não, isso é cobrado dela. Porém, nós vamos vendo como isso afeta a vida da personagem, que tenta ter uma ligação com o filho, mas se sente desligada deste sentimento desde o momento que sua barriga começa a crescer.

Tilda Swinton dá um show de interpretação e nos faz sentir exatamente tudo o que a história pede: a angústia, o medo de não amar o filho, o sentimento de ser uma mulher ruim, a tensão de ser julgada pelos outros.

Tilda Swinton foi elogiadissíma por sua interpretação no filme, com muitos críticos dizendo que era a melhor atuação de sua carreira / Imagem: Reprodução/ Divulgação

Aliás, a tensão é presente desde o começo do filme e só vai aumentando com o passar dos minutos. A cada cena, a cada mudança de tempo, vamos sentindo um desconforto crescente, um sentimento de que tudo aquilo que estamos vendo não irá acabar bem.

Além disso, como vemos passado e presente, sabemos que algo terrível aconteceu e vamos acompanhando a escalada dos acontecimentos, até chegar do grande desfecho.

Já nascemos bons ou maus?

Outra questão que é crucial no enredo é um questionamento social discutido a muito tempo: a pessoa já nasce boa ou má?

Nós sabemos que Kevin fez algo terrível, algo de grande repercussão e que afetou a vida de todos a sua volta. Por isso, mesmo sem sabermos realmente do que se trata, vamos acompanhando o crescimento do personagem, desde o útero de sua mãe até sua idade presente, procurando indícios de sua personalidade, tentando descobrir se existe algo de errado com ele, como sua mãe acredita, ou se é tudo coisa da cabeça dela, reflexos dos sentimentos que ela mesma possuí.

Ver estas questões é um verdadeiro estudo de caso e aqui também temos que bater palmas para os dois atores principais que interpretaram o personagem. Jasper Newell dá vida ao protagonista em sua infância, fazendo isso com maestria, mostrando ser uma criança deslocada, calada, estranha, que tem em seus olhos algo diferente. Suas birras, sua teimosia e a forma como enfrenta a mãe são incríveis.

A evolução do personagem Kevin foi feita com vários atores, sendo que todos entregaram exatamente o que se pediu / Imagem: Reprodução/ Divulgação

Já na segunda parte da trama, Ezra Miller assume o personagem e consegue fazer um amadurecimento perfeito. O olhar estranho continua ali, mas vamos vendo a evolução através das mudanças de humor, das falas, do sentimento que ele passa pela tela. É um trabalho feito com riquezas de detalhes, perfeito em toda sua magnitude.

Enfim, não podemos seguir falando muito, pois o interessante deste filme é ir juntando os pedaços do quebra cabeça, criando suas próprias teorias e concluindo com seus próprios sentimentos.

A única coisa que podemos dizer é que esta produção é impressionante, angustiante e única. Um retrato desconfortável da nossa sociedade, de uma forma que você nunca pensou.

Sabe aquela curiosidade que temos em saber o que levou uma pessoa a tomar uma atitude horrível? Quando questionamos o que sabemos da vida de alguém por trás de um acontecimento trágico? E também como nunca pensamos nas pessoas que ficaram para atrás depois dos atos violentos de alguém? Este filme te mostra tudo isso.

Nós também recomendamos a leitura do livro, pois ele é extremamente importante e complementar ao filme. Você pode ler antes ou depois de assistir. Ele está disponível na Amazon em formato digital ou físico, é só clicar aqui para conferir.

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Se você assistir Precisamos Falar Sobre o Kevin, nos conte o que achou do filme, pois este é daqueles que nos marca e fica no nosso pensamento por um bom tempo.

Legião Jovem, você sempre antenado!

 

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