ter. dez 3rd, 2024

Sucesso da trama abre espaço para expectadores conhecerem obra literária

O mais novo sucesso da HBO é a série Chernobyl, que estreio menos de um mês após o fim de Game Of Thrones e já encabeça o ranking de melhores séries.

A produção vem batendo todos os recordes desde sua estreia e conta a história do maior desastre nuclear da humanidade, ocorrido dentro da Usina Nuclear de Chernobil, na Ucrânia.

A trama choca os expectadores ao mostrar, de forma cruel e verdadeira, os bastidores do acidente ocorrido entre 25 e 26 de abril de 1986, desde o momento da explosão no reator quatro, passando pelas tentativas do governo de abafar o caso, até chegar nas consequências catastróficas do ocorrido para a população da cidade de Pripyat, que ficava próxima a usina.

Porém, o que muitas pessoas não sabem, é que a série usou como base para seu enredo o livro VOZES DE TCHERNÓBIL – A História Oral do Desastre Nuclear, da autora Svetlana Aleksiévitch, ganhadora do Nobel de Literatura em 2015.

Série se tornou o maior fenômeno da televisão, ocupando o 1º lugar no ranking de pontuações / Imagem: Divulgação
Livro inspirou a série

No livro, escrito através de relatos dos sobreviventes do acidente, Svetlana mostra como o desastre acabou com a vida das pessoas na época, mas também como afetou as gerações que vieram depois.

A obra inicia de forma avassaladora, com o relato da esposa de um dos bombeiros chamados para conter a explosão. Ela estava grávida na época e narra tudo o que passou com seu marido, que morreu em decorrência da radiação absorvida.

É de dar um nó na garganta ler as palavras da mulher, que considera o marido um herói, afinal ele se sacrificou trabalhando na usina após o acidente, para conter a proliferação da radiação, que tinha poder para destruir a Europa. O final do seu relato, então, destrói o coração do leitor.

Daí em diante é relato atrás de relato, de mães, pais, filhos, famílias, que vão nos fazendo entrar no desespero daquelas pessoas, que não tinham ideia real do problema quando ele aconteceu. Que viveram com desinformações e sofreram com um governo que tentava, a todo custo, diminuir o que havia acontecido, para que não chegasse ao conhecimento mundial.

A cada palavra, vamos sentindo o horror de ver entes queridos morrendo afogados, literalmente, em seus próprios órgãos, derretidos pela radiação. Vemos a tristeza daqueles que tiveram que abandonar suas casas, suas vidas, de uma hora para outra. Também vemos aqueles que não acreditavam no que estava acontecendo, que achavam que era algo passageiro e, por isso, se recusaram a deixar a cidade.

Porém, depois vemos as consequências desta atitude. Também somos apresentados a relatos de pessoas que foram abandonadas pelos parentes, que se recusavam a dar abrigo aos familiares por medo da contaminação, enquanto mães morreram nos hospitais por se recusarem a sair do lado dos filhos.

O desastre de Chernobyl foi o maior desastre com radiação já registrado e tem consequências até hoje / Imagem: Divulgação

É um livro que usa as palavras verdadeiras, as palavras de quem sofreu e sofre até hoje pelo acidente, para mostrar o que realmente aconteceu e é isso que o faz ser uma leitura indispensável.

Durante a nossa vida, ouvimos falar sobre o assunto na escola, em reportagens especiais e programas sobre o acidente. Sabemos que o vazamento nuclear foi dez vezes maior do que o provocado pela bomba em Hiroshima. Sabemos que ele foi classificado como nível 7 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares, o nível máximo.

Sabemos que a cidade virou uma “cidade fantasma”, que está inabitável pelos próximos 900 anos. Porém, através deste livro, agora podemos saber que, graças a pessoas corajosas e que deram a sua vida, um desastre ainda maior foi evitado. Através das vozes daqueles que viveram tudo aquilo, hoje podemos ter mais empatia e nos sentir conectados com o sofrimento daquelas pessoas.

O livro, apesar de ser em relato, tem uma narrativa com toque poético e a escritora soube conduzir as palavras, as histórias, de forma magistral, tecendo a obra com delicadeza e cuidado, ligando cada ponto, cada linha, fazendo com que o leitor sinta todos os sentimentos passados, desde a raiva e tristeza pelo o ocorrido, até a esperança por uma vida, um futuro melhor.

Sem dúvidas, VOZES DE TCHERNÓBIL – A História Oral do Desastre Nuclear é uma leitura obrigatória para todos, tenha você assistido ou não a série. É uma leitura que enriquece nossos conhecimentos, que nos faz entender muito além do acidente nuclear e suas consequências, e que é capaz de nos fazer pensar nas atitudes que temos quando estamos diante de um desastre.

O livro é uma obra digna de leitura e a autora usou sua experiência como jornalista para recolher os relatos / Imagem: Divulgação
Sobre a autora

Svetlana Aleksiévitch é uma escritora e jornalista bielorussa. Filha de professores, nasceu em Stanislav, hoje Ivano-Frankivsk, na Ucrânia, em 1948, mas cresceu na Bielorrússia. Suas obras tratam de histórias de mulheres e homens de sua nação que viveram em situações de desastre, como a Segunda Guerra Mundial e a queda da União Soviética.

Recebeu o Nobel de Literatura em 2015, se tornando a 14ª mulher a ser premiada e uma das poucas que não escreve ficção. Outras obras de destaque da autora são A Guerra não tem Rosto de Mulher, onde mostra mulheres que lutaram no Exército Vermelho durante a Segunda Guerra, e As Últimas Testemunhas, onde os relatos são de pessoas que eram crianças durante a última guerra e narram os horrores que presenciaram.

O livro esta disponível para compra nos sites da Amazon e da Saraiva, e nós indicamos a leitura de olhos fechados.

Você já assistiu a nova série? Sabia do livro? Conta pra gente e compartilhe com seus amigos nas redes sociais.

Até mais!

 
One thought on “Livro inspirou série Chernobyl da HBO”

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