Última temporada da série chega no sábado com o público ansioso pelo desfecho
Nos últimos anos, surgiram algumas séries que fugiram do convencional e mexeram com nossas estruturas, a exemplo de Black Mirror, que apostou em tramas futurísticas e na tecnologia de uma forma negativa e destrutiva, como também The Handmaid’s Tale, que inspirada em um livro, mostrou como o mundo pode mudar de uma hora para outra, tendo como base governos ditatoriais e extremistas, algo que é cada vez mais “comum”.
Estas séries possuem como plano de fundo questões filosóficas, sociais, científicas e colocaram nossas cabeças para funcionar.
Contudo, se tem uma série que fez isso como ninguém é Dark, produção original Netflix da Alemanha, que conquistou o mundo e estreia sua 3ª e última temporada no próximo sábado, dia 27 de junho.
A produção, que estreou em dezembro de 2017, logo se tornou um fenômeno, conquistando fãs de várias nacionalidades. Para se ter ideia do tamanho do sucesso, o público a elegeu como sendo a melhor série original Netflix em uma recente votação promovida pelo Rotten Tomatoes, o maior site de críticas de cinema e televisão.
A série desbancou grandes nomes da plataforma, como Stranger Things, conquistando o primeiro lugar na preferência do público.
Tudo isso acontece mesmo Dark sendo considerada uma produção complicada, difícil de ser entendida e que usa de vários pilares da física para ser concebida.
Isso chama muita atenção, pois mostra que o público está em busca de produções diferenciadas, que os faça ser parte da trama e que, mesmo os deixando confusos em muitos momentos, estimule o pensamento.
Não, a gente não cansou das produções mais simples e fáceis, mas estamos nos abrindo para aquelas que mostram esferas diferentes.
Pensando nisso, resolvemos montar uma lista dos motivos que fazem Dark uma produção de sucesso, mesmo sendo considerada “cabeça demais”.
Chegou sem grande alarde e subiu no “boca a boca”
Como dissemos, Dark é uma produção original da Netflix da Alemanha que chegou em 2017 na plataforma, mas que não fez grande alarde para sua estreia. Teve seu trailer divulgado, lançamento anunciado, mas não estava pipocando por todos os lados e nem prometendo revolucionar o meio. Porém, os assinantes começaram a assistir e, no bom e velho boca a boca, a série começou a ganhar espaço.
Aos poucos ela passou a ser divulgada e exaltada nas redes sociais, com gente afirmando que era uma das melhores produções dos últimos tempos. Assim sua popularidade foi crescendo até ela explodir e se tornar um fenômeno que todo mundo estava falando ou tinha ouvido falar. Isso mostra que a publicidade em torno de um novo programa é importante, mas pode gerar muitas expectativas que, caso não forem atendidas de forma positiva, fazem a produção ficar desinteressante. Já quando todos são pegos de surpresa, por algo que não esperavam, aí sim o resultado é maior e mais visível.
História mais profunda
Provavelmente quando você leu a sinopse da série não viu nada de mais, afinal mostraria o estranho desaparecimento de um menino, o suicídio de um homem e como isso afetou as famílias envolvidas. Nada de novo ou revolucionário. Porém, basta assistir aos primeiros episódios para entender que existe muito mais por trás daquilo que a trama promete.
Este fato, de você ir percebendo que a trama é mais profunda e também por ela dar pequenos indícios, deixando pistas, faz com que você fique preso desde o primeiro momento. Você quer fazer parte daquilo, quer entender o que está sendo mostrado e não consegue parar de assistir, mesmo sua cabeça explodindo com cada nova informação. Mérito dos roteiristas que constroem uma trama complexa, mas totalmente amarrada e bem desenvolvida, coisa que muita produção americana não tem conseguido fazer.
Escrita e desenvolvida durante nove anos
Este motivo é complementar ao anterior, pois diz respeito ao desenvolvimento da série. Muitos de vocês podem não saber, mas a produção foi pensada e escrita durante nove anos. Isso mesmo meus amigos. Os criadores da série, Boran bo Odar e Jantje Friese, revelaram que pensaram na história durante nove anos e construíram suas três temporadas em cada detalhe.
Eles estudaram questões físicas e científicas, pensaram em cada personagem especificamente, resolveram cada pequeno problema de continuidade que aparecia e não tiveram presa em estrear. Com isso eles conseguiram escrever uma trama bem desenvolvida, que responde às perguntas que faz ou dá ao público as ferramentas para construir suas teorias. Eles não pensaram que queriam ter um milhão de temporadas, por mais sucesso que a série fizesse. Eles tinham um plano, uma história para contar, com começo, meio e fim, e seguiram isso. Seria está a receita do sucesso para as novas produções?!
Elenco primoroso
Sejamos sinceros, de nada adiantaria uma boa história e os nove anos de produção se o elenco não fosse bom. O elenco é parte fundamental de um programa, afinal é com ele que o público tem contato e cria laços. Se assistimos uma série que tem uma trama boa, mas que os atores não entregam o que é pedido, acabamos nos sentindo frustrados e não damos valor a história.
Ainda bem que este não foi o caso. Dark tem um elenco primoroso, que entrega exatamente o que é esperado e que é perfeito para cada personagem. É comum lermos nas redes sociais comentários que dizem que todos os atores que interpretam cada personagem se parecem, dando a impressão de ser a mesma pessoa, só que mais nova ou mais velha. Isso contribui para o desenvolvimento da trama e com os objetivos da história. E também é incrível como cada ator consegue pegar o personagem, em cada fase, e seguir com ele de forma coesa e com aprofundamento. É divino de ser assistido.
Um quebra-cabeça complicado, mas gostoso de montar
Já mencionamos que a série é considerada complicada, difícil de ser entendida, confusa em alguns momentos, principalmente na primeira temporada, quando você está sendo inserido na história, e que faz a nossa cabeça dar um nó que parece que nunca mais vai se desfazer. Contudo, é muito gostoso assistir os episódios e ir juntando pedaços da trama para entender o todo.
Apesar de falar sobre física, uma matéria que grande parte do público não entende nem o básico, e também ter religião e filosofia sendo discutidas, a série nos imerge para dentro do universo ao ponto de você ficar louco criando teorias e buscando respostas. E não tem nada mais satisfatório do que quando uma teoria sua se concretiza, por menor que ela seja. Parece que passamos em uma prova difícil e nos sentimos os mais inteligentes. Além do que, fazer a ligação entre cada personagem, marcar os acontecimentos de cada um e criar uma árvore pessoal é demais, nos sentimos parte da história.
Muita viagem no tempo
Um dos grandes plots de Dark são as viagens no tempo. Se você já assistiu as duas primeiras temporadas da série, sabe que a questão temporal é o tema central, afinal toda a história se passa dentro deste contexto, de mudanças de tempo, idas e vindas através dos anos.
Isso é algo que o público gosta e que sempre fez sucesso, prova disso é a trilogia De Volta Para o Futuro, que nunca caiu no esquecimento, mesmo tendo passado décadas de seu lançamento. Nós gostamos de ver como o passado, o presente e o futuro são afetados quando viajamos no tempo e mudamos alguma coisa. Além disso, a produção da série é impecável, nos transportando para cada época de forma excelente. Os cenários, os figurinos, os objetos, tudo contribui para que o público também viaje no tempo.
Perguntas e repostas que fecham ciclos
Sim, nós já mencionamos que Dark dá ao público as respostas das próprias perguntas ou nos deixa criar teorias, para depois responder, porém tivemos que destacar este fato como sendo um motivo, pois estamos cansados de séries que nunca respondem perguntas.
É claro que deixar questões abertas e coisas para tirarmos nossas próprias conclusões é interessante, porque isso faz a gente pensar, mas hoje em dia as produções têm extrapolado e deixado de resolver coisas simples, que bastava uma fala de um personagem para ser respondida. Com isso a trama fica confusa, se perde no meio do caminho e não chega a lugar nenhum. Fora que é frustrante você chegar ao final de um programa cheio de dúvidas, com mais perguntas do que respostas.
Pensou fora da casinha
Para terminar, não podemos deixar de exaltar o fato que mencionamos lá no começo, na introdução deste post: a trama diferenciada. A série pegou questões complexas e teorias que já foram vistas em outras séries, mas de forma mais simples e não teve medo de jogar alto. Os criadores não pensaram que o público acharia tudo muito difícil ou diferente demais, eles apostaram na história sem medo das dificuldades.
O resultado é uma trama original, que foge da casinha, das questões simplórias do dia a dia, que mostrou que o público gosta do diferente, gosta de ser confrontado e também mostrou ao mundo que existe produções incríveis ao redor do globo, fora do foco americano. Para nós, brasileiros, isso foi um dos pontos principais e mais importante. Nós sempre fomos muito “reféns” das produções norte americanas, consumindo tudo desta cultura e descartando tudo o que fugia deste meio. É bom ver esta mudança e ver o público gostando de algo tão bem produzido e que foge do convencional.
Estes são só alguns motivos para Dark ser um verdadeiro sucesso. Claro que existem outros, mas estes foram que separamos para vocês. Qual outro você colocaria nesta lista? Está ansioso para última temporada da série?
O final de Dark chega neste sábado, dia 27 de junho, não vai perder.
Legião Jovem, você sempre antenado!