qui. set 19th, 2024

Informações técnicas:

  • Título Original: The Chalk Man
  • Autor: C. J. Tudor
  • Tradução: Alexandre Raposo
  • Editora: Intrínseca
  • Ano de Publicação: 2018
  • Páginas: 272 / Capa dura

Sinopse: Em 1986, Eddie e os amigos passam a maior parte dos dias andando de bicicleta pela pacata vizinhança em busca de aventuras. Os desenhos a giz são seu código secreto: homenzinhos rabiscados no asfalto; mensagens que só eles entendem. Mas um desenho misterioso leva o grupo de crianças até um corpo desmembrado e espalhado em um bosque. Depois disso, nada mais é como antes.

Em 2016, Eddie se esforça para superar o passado, até que um dia ele e os amigos de infância recebem um mesmo aviso: o desenho de um homem de giz enforcado. Quando um dos amigos aparece morto, Eddie tem certeza de que precisa descobrir o que de fato aconteceu trinta anos atrás.

Alternando habilidosamente entre presente e passado, O Homem de Giz traz o melhor do suspense: personagens maravilhosamente construídos, mistérios de prender o fôlego e reviravoltas que vão impressionar até os leitores mais escaldados.

Imagem: Divulgação
Opinião

A autora inglesa C. J. Tudor nunca escondeu seu amor por obras de suspense e sua admiração pelo mestre Stephen King. Depois de trabalhar como repórter, redatora, roteirista para rádio, apresentadora de televisão e até passeadora de cães, voltou seu olhar para literatura, escrevendo e publicando seu primeiro livro, O Homem de Giz, que se tornou um verdadeiro sucesso.

Totalmente influenciada por King, a trama do livro tem elementos que nos prendem logo no começo, como um assassinato misterioso, um grupo de amigos que está no meio desta confusão e personagens incríveis. Além disso, a escritora usou um recurso muito inteligente: a história se passa no passado (1986) e no presente (2016), dando agilidade ao enredo e contribuindo para todo o suspense que se desenvolve.

“Nós achamos que queremos respostas. Mas o que realmente queremos são as respostas certas. É a natureza humana. Fazemos perguntas que, esperamos, nos tragam a verdade que queremos ouvir. O problema é que você não pode escolher suas verdades. A verdade tem o hábito de simplesmente ser a verdade. A única escolha real que você tem é acreditar ou não.”

O livro se inicia com um breve prólogo, onde nos é revelado que o corpo de uma jovem foi encontrado esquartejado, mas sem a cabeça. Em seguida, vemos o ano de 2016 e somos apresentados a Eddie, personagem principal e narrador. É através de seu olhar que conhecemos a história. Ele diz que não sabe ao certo como as coisas aconteceram, mas que acredita que tudo tenha começado quando era criança. Temos um novo capítulo, que se passa em 1986 e é aí que a história realmente começa.

No passado, descobrimos que Eddie era uma criança de doze anos, filho único, com pais atenciosos e que vivia pela cidade junto com seus amigos inseparáveis: Gav Gordo, Mickey Metal, Hoopo e, a menina ruiva mais linda de todas, Nicky.

No presente, ele se tornou um quarentão, solteiro, professor de inglês, que vive na casa antiga dos pais e aluga um quarto para um jovem inteligente e estranha, chamada Cloe. Além disso, a amizade entre o grupo não é mais a mesma, sendo que Eddie mal fala com os velhos amigos, mesmo Gav e Hoopo morando na mesma cidade.

Com o andar do livro, vemos como era forte a relação entre o grupo, por isso nos perguntamos o que teria acontecido na vida dessas crianças para que, quando adultos, tivessem parado de se falar. É uma pergunta que aos poucos vai sendo respondida.

Aliás, um dos pontos fortes da escrita de Tudor é que ela vai dando pequenas pistas, pequenas “migalhas” para o leitor, de forma que você pega uma informação aqui, pega outra informação ali e, no final, forma um grande quebra cabeça com peças que se juntam perfeitamente.

O autor Stephen King, que influenciou a escrita de C. J. Tudor, recomendou o livro / Imagem: Divulgação

Em certo ponto, podemos até ter dúvidas se a autora conseguirá amarrar todas as pontas que ela vai deixando pelo caminho. Porém, ela faz isso, dando todas as respostas na hora certa e mostrando que ela tinha tudo sobre o controle.

Ao ler o livro, eu fiquei com a estranha sensação de que não estava lendo apenas uma história. Era como se nas entrelinhas outros cenários estivessem se passando. Essa sensação era realmente verdadeira, pois a trama vai se desenrolando e vamos vendo várias outras sub tramas, camada após camada.

É como se houvesse uma história na superfície, que podemos ver, mas outras mais profundas, que só são perceptíveis graças a pequenas palavras, pequenas frases e diálogos que estão intrínsecos no texto, bem nos nossos olhos, mas escondidos ao mesmo tempo. Mérito da autora, que tem uma sagacidade para brincar com nossos pensamentos.

O livro vai se alternando entre passado e presente, aprofundando nas características de cada personagem. Vemos o grupo enquanto crianças e depois os adultos que se tornaram graças ao passado. Porém, todos os personagens, mesmo os secundários, são extremamente importantes no enredo, sendo que suas características e problemáticas são peças fundamentais para todo o desenrolar. Desde os pais das crianças até o professor de inglês, Sr. Halloran, todos tem um por que estar ali.

A obra também conta com a nostalgia, afinal temos os anos 80 retratados no livro através de músicas, programas de TV, acontecimentos históricos e, claro, crianças vivendo aventuras com suas bicicletas. Para completar, temos pequenas figuras desenhadas em giz, que aparecem quando algo ruim acontece. A gente fica fascinado por isso e se perguntando o que significam: seria algo sobrenatural? Loucura coletiva? Algum tipo de pegadinha? Doença mental de algum personagem?

“Ser um adulto é apenas uma ilusão. Afinal de contas, não tenho certeza se algum de nós realmente cresce.”

Apesar de o assassinato da jovem ser o centro, o núcleo que liga toda a trama, são estes pequenos detalhes, estes pequenos mistérios, que nos prendem e que nos fazem devorar o livro, página após página.

O livro tem seus pontos negativos. Quase no final a trama começa a se acelerar muito e o desfecho acontece rápido, deixando aquela sensação de que a autora poderia ter trabalhado mais, porém optou pelo caminho mais curto. Além disso, eu acabei decifrando o mistério faltando algumas páginas para o final. Acredito que isso seja mais pelo fato de eu ler muitos livros deste gênero do que pela escrita da autora. Mas, apesar de ser divertido ver que você entendeu a história, como leitores nós sempre queremos ser surpreendidos.

Mesmo com estes pequenos probleminhas, O Homem de Giz é um livro extremamente bem construído, com uma história totalmente fascinante, recheado de elementos que nos atraem e com viradas de mesa bem executadas.

Eu vou dar 3 estrelas e meia (3,5), pois acho que o final poderia ter sido bem mais trabalhado. Contudo, recomendo a leitura, principalmente se você é fã do livro It, A Coisa e da série Stranger Things, com certeza você vai amar.

C. J. Tudor lançou seu segundo livro este ano e o que tenho visto são comentários positivos, dizendo que sua escrita evolui muito e que é muito melhor que o primeiro. A obra se chama O que aconteceu com Annie e eu estou ansiosa para ler. Afinal, se no primeiro ela já foi brilhante, imagine no segundo. Podem esperar porque vai ter resenha.

Gostou da resenha? Quer ler o livro? Ele está à venda na Amazon, então não perde mais tempo e vai conferir.

Até mais!

 
One thought on “Resenha Literária: O Homem de Giz”

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