Informações Técnicas
- Título Original: Little fires everywhere
- Autor(a): Celeste Ng
- Tradução: Julia Sobral Campos
- Editora: Intrínseca
- Ano de Publicação: 2018
- Páginas: 416
Sinopse: Eleito nos Estados Unidos um dos melhores livros de 2017 por veículos como Entertainment Weekly, The Guardian e The Washington Post, Pequenos Incêndios por Toda Parte explora o peso dos segredos, a natureza da arte e o perigo de acreditar que simplesmente seguir as regras vai evitar todos os desastres.
Um encontro entre duas famílias completamente diferentes vai afetar a vida de todos.
Em Shaker Heights tudo é planejado: da localização das escolas à cor usada na pintura das casas. E ninguém se identifica mais com esse espírito organizado do que Elena Richardson.
Mia Warren, uma artista solteira e enigmática, chega nessa bolha idílica com a filha adolescente e aluga uma casa que pertence aos Richardson. Em pouco tempo, as duas se tornam mais do que meras inquilinas: todos os quatro filhos da família Richardson se encantam com as novas moradoras de Shaker. Porém, Mia carrega um passado misterioso e um desprezo pelo status quo que ameaça desestruturar uma comunidade tão cuidadosamente ordenada.
Opinião
Pequenos Incêndios por Toda Parte é o segundo livro da autora Celeste Ng, que estreou no mercado editorial em 2017 com Tudo o que Nunca Contei, também publicado no Brasil pela Intrínseca. Assim como no primeiro livro, a escritora voltou seus olhos mais uma vez para as estruturas familiares e para os segredos que as pessoas guardam.
Porém, enquanto no primeiro a trama é concebida de forma crescente, com um grande desfecho, neste segundo livro temos um equilíbrio do começo ao fim, que nos prende na narrativa e nos faz questionar vários pontos da sociedade.
A história começa com um incêndio em uma casa e logo descobrimos que todos acreditam que a responsável seja Izzy, filha mais nova do casal Richardson e proprietários do imóvel em chamas. A partir daí vemos a trama voltando no passado, para mostrar o que aconteceu até chegar naquele ponto.
Assim somos apresentados a duas famílias diferentes. De um lado temos a família Richardson, formada pelo casal Elena e Bill, e seus quatro filhos Lexi, Trip, Moody e Izzy. Do outro conhecemos Mia, mãe solteira da adolescente de 15 anos Pearl.
Os Richardson moram na cidade de Shaker Heighs, um local totalmente planejado, onde as ruas são limpas, as casas possuem cores pré-determinadas, com bairros perfeitos e onde tudo acontece na mais perfeita paz. Eles sempre viveram no local, diferente de Mia e Pearl, que passam a vida mudando de um lugar ao outro, sem criar raízes. Porém, quando se mudam para Shaker Heighs, Mia promete a filha que desta vez será para sempre, que elas não irão mais se mudar.
As duas acabam alugando um apartamento da família Richardson, sendo a melhor moradia que já tiveram. O valor baixo é uma ideia de Elena, que acredita estar praticando uma boa ação ao oferecer um ótimo apartamento por um valor simbólico.
Sabendo que ficará morando no local, Pearl acaba se aproximando de Moody, que tem a mesma idade. Os dois passam a ser amigos, principalmente porque ambos são inteligentes e possuem interesses em comum. Porém, a garota passa a frequentar cada vez mais a casa dos Richardson e logo está envolvida com tudo o que acontece no local, como se fizesse parte daquele universo que tanto a encanta.
Apesar de não gostar da situação, Mia entende que a filha precisa ter contato com pessoas de sua idade e que já passou muito tempo se isolando. Mesmo assim, ela passa a ficar de olho em tudo o que está acontecendo.
Por outro lado, Elena se sente atraída por Mia, pois não entende seu estilo de vida. Para ela, as regras e a organização são algo extremamente importantes, sendo que toda sua vida viveu desta forma, sempre pensando e planejando o que viria a seguir e nunca se afastou dos seus objetivos. Por isso, ela não consegue entender uma mulher que se muda com tanta frequência, que não possuí um emprego fixo e que se diz artista fotográfica, mas não é capaz de se manter financeiramente com seu trabalho.
As duas mulheres são completamente diferentes, mas acabam se envolvendo devido a aproximação de seus filhos.
No meio disso tudo conhecemos um casal amigo dos Richardson, que estão no processo de finalização de adoção de uma criança asiática, que havia sido abandonada. Após anos tentando engravidar, o casal se sente abençoado quando o bebê surge em suas vidas. Porém, Mia acaba descobrindo que a criança em questão é filha de sua colega de trabalho, que, devido a vários problemas, se viu obrigada a abandonar a criança, mas agora está em busca de seu paradeiro.
Ela não pensa duas vezes e diz para amiga onde a criança está. Esta atitude deixa Elena completamente desnorteada e com raiva, sendo que a mulher, uma jornalista, passa a destrinchar o passado de Mia e descobrindo segredos que ela guarda a muito tempo.
A história é escrita em terceira pessoa, sendo que, com isso, vemos as situações de vários pontos de vistas diferentes. Temos várias narrativas sendo feitas e o aprofundamento de cada personagem. Pode até parecer que a autora irá se perder no meio de tantas coisas acontecendo, mas isso não ocorre e nós temos um panorama perfeito de cada um, conhecendo seus sentimentos, ideais e tudo o que pensam.
É uma obra instigante, que fala sobre diferentes tipos de maternidade, sobre o que somos capazes de fazer por quem amamos, sobre esconder suas dores e tentar viver da melhor forma possível. Vemos as consequências dos atos que tomamos e as relações com familiares, sendo que apenas ter o mesmo sangue não é capaz de nos unir, precisando de muito mais esforços do que imaginamos.
Confira os livros que ganharão adaptação em 2020
Também gostei do livro porque aponta várias problemáticas sociais e joga na nossa cara como somos hipócritas. Muitas vezes achamos que não somos preconceituosos, mas os nossos discursos estão cheios de palavras racistas. Achamos que praticar uma boa ação é fazer aquilo que pensamos ser o melhor, sem perceber o que o outro pensa, sem levar em consideração o que o outro está sentindo.
Enfim, o livro é consistente, não tem nenhuma grande revelação, mas é perfeito em mostrar as relações humanas e as situações familiares corriqueiras. A escrita de Celeste Ng é extremamente agradável de se acompanhar, sendo que ela entrega uma trama amarrada, sem deixar pontas soltas e com uma fluidez impecável e uma linguagem simples.
Minha nota para o livro é 4 estrelas e meia, porque encontrei alguns pequenos probleminhas no desenvolvimento, alguns pontos que acho que mereciam mais atenção ou aprofundamento, mas nada que comprometa a obra como um todo, apenas observações pessoais.
Vale lembrar que o livro está sendo adaptado para uma série no serviço de streaming Hulu, tendo Reese Witherspoon e Kerry Washington nos papéis de Elena e Mia, respectivamente, sendo que elas também são produtoras do programa. A estreia está marcada para o dia 18 de março nos Estados Unidos, mas sem previsão de chegar ao Brasil.
Você gostaria de conferir a resenha do primeiro livro da autora, Tudo o que Nunca Contei? Se quiser, deixe nos comentários que a gente pode trazer também.
Fique de olho, porque temos mais resenhas incríveis vindo por aí.
Até mais!
[…] em 2017, que chegou por aqui através da editora Intrínseca, e possuí uma resenha aqui no site, clique aqui para […]
[…] Incêndios por Toda Parte foi uma das primeiras resenhas literárias publicadas aqui no site. Nela (eu, Talita, que vos escreve) disse que era um livro incrível, que […]