Informações Técnicas
- Título Original: All the Brights Places
- Autor(a): Jennifer Niven
- Tradução: Alexandra Esteche
- Editora: Seguinte
- Ano de Publicação: 2015
- Páginas: 336
Sinopse: Violet Markey tinha uma vida perfeita, mas todos os seus planos deixam de fazer sentido quando ela e a irmã sofrem um acidente de carro e apenas Violet sobrevive. Sentindo-se culpada pelo que aconteceu, a garota se afasta de todos e tenta descobrir como seguir em frente. Theodore Finch é o esquisito da escola, perseguido pelos valentões e obrigado a lidar com longos períodos de depressão, o pai violento e a apatia do resto da família.
Enquanto Violet conta os dias para o fim das aulas, quando poderá ir embora da cidadezinha onde mora, Finch pesquisa diferentes métodos de suicídio e imagina se conseguiria levar algum deles adiante.
Em uma dessas tentativas, ele vai parar no alto da torre da escola e, para sua surpresa, encontra Violet, também prestes a pular. Um ajuda o outro a sair dali, e essa dupla improvável se une para fazer um trabalho de geografia: visitar os lugares incríveis do estado onde moram. Nessas andanças, Finch encontra em Violet alguém com quem finalmente pode ser ele mesmo, e a garota para de contar os dias e passa a vivê-los.
Opinião
Por Lugares Incríveis foi o livro de estreia da autora Jennifer Niven, que logo em sua primeira obra mostrou muito conhecimento narrativo e uma escrita encantadora.
Figurando em várias listas de mais vendidos, o livro chegou ao Brasil já no seu ano de lançamento, através da editora Seguinte, e se tornou um verdadeiro sucesso entre os amantes de histórias de romance com protagonistas adolescentes. Para se ter ideia, a obra figura na 5ª posição dos mais vendidos da Amazon dentro desta categoria.
Contudo, a obra trata de um assunto pesado, o suicídio, e por isso não indico para todos os públicos, pois ela pode acabar servindo de gatilho para algumas pessoas. Se este for o seu caso, melhor evitar. Caso contrário, é extremamente recomendado.
Logo na primeira página somos apresentados aos dois protagonistas que narram a história em primeira pessoa, alternando a narrativa. Como a sinopse já apontou, eles se conhecem em uma situação, no mínimo, estranha. Violet sobe até a torre do sino da escola com a intenção de tirar a própria vida. Quando chega ao local, ela acaba encontrando Finch, que também tem o mesmo pensamento.
“A melhor coisa a fazer é não falar o que realmente pensamos. Se não falamos nada, as pessoas concluem que não estamos pensando em nada além do que deixamos que elas vejam.”
Os dois são muito diferentes, mas estão passando por momentos complicados em suas vidas. Eles acabam conversando e desistindo de pular do telhado. Logo em seguida, um trabalho de geografia acaba unindo os dois novamente e, a partir daí, vemos a trama se desenvolver.
Sem dúvidas uma das melhores coisas deste livro são os personagens. Eles são reais e nos cativam deste o primeiro momento, nos prendendo na história a cada palavra.
Violet é uma menina doce, popular e extremamente cativante, que acaba perdendo o seu brilho após a morte da irmã. Ela é muito boa em esconder seus reais sentimentos, em não deixar transparecer o que está se passando em sua cabeça, por isso mesmo as pessoas a sua volta não conseguem perceber nada.
A personagem descreve seus sentimentos de uma forma crua, que nos faz sentir na pele tudo o que ela diz. Todos nós, em algum momento da vida, nos sentimos perdidos, sem chão e direção, e por isso nos identificamos com os sentimentos dela.
Já Finch é considerado um “problema”, algum instável, que não terá futuro. Porém, como mergulhamos em sua mente através de sua narrativa, escutamos sua voz e vemos tudo o que se passa na mente deste garoto que se sente tão descolado do mundo.
“Aprendi que existem coisas boas no mundo se você procurar por elas. Aprendi que nem todo mundo é uma decepção, incluindo eu mesmo.”
Ele não se enxerga como alguém e vive situações que só nutrem mais este sentimento dentro dele. Ele também não é capaz de entender e controlar as próprias emoções, ora feliz, ora com raiva, ora triste e ao ler nós queremos ajuda-lo.
Esta composição dos personagens é mérito da autora, que criou duas “pessoas” com tantos diferenciais, mas que se tornam tão parecidos. Aliás, isso é algo extremamente admirável, pois criar uma narrativa em que se divida os pontos de vistas é algo difícil e Jennifer Niven faz isso com maestria. Mesmo se não fosse indicado no começo de cada capítulo quem está narrando, nós seriamos capazes de perceber tranquilamente.
Outro ponto positivo é a forma como ela aborda este assunto tão difícil, como é o suicídio. A nossa sociedade ainda tem muito preconceito com esta questão e trata do assunto da pior forma possível. Se culpa a vítima por ter tomado tal atitude, considerada por muitos egoísta. Se culpa a família por não ter feito nada. Se culpa a escola por não ter percebido. Enfim, procura-se apenas culpados para apontar o dedo, ao invés de se tentar entender o que aconteceu.
A autora não passa pano e mostra a realidade, como é a mente de quem pensa que não tem outra alternativa, que já se esgotaram todas chances que poderia ter na vida e se sente esgotado de tudo. Ela faz isso de forma simples, objetiva e natural.
Um ponto que deixa um pouco a desejar é que, por focar tanto nos dois protagonistas e no que estão pensando, outros personagens acabam sendo deixados de lado, sendo que eles teriam muito o que mostrar. Contudo, entendo que esta foi justamente a intenção da autora e não é um grande problema, apenas algo que acho que poderia ter acrescentado ainda mais ao livro.
“Chorei um pouco, mas na maior parte do tempo estou vazia, como se o que me fizesse sentir e sofrer e sorrir e amar tivesse sido removido cirurgicamente, me deixando oca como uma concha.”
A cada capítulo vemos a relação de Violet e Finch crescendo. Os dois começam a se apoiar, vão se descobrindo e sentindo esperança na vida. Com isso nós também vamos tendo esta crescente de sentimento, mas não se engane, o livro vai acabar com você.
Sim, você vai sorrir, vai chorar, se alegrar, chorar mais um pouco e recolher os pedacinhos do seu coração no final. Isso porque a forma como a obra termina vai deixar qualquer um, até mesmo as pessoas mais frias, de coração partido.
Porém, o término é totalmente condizente com a história e realista, não é um final feliz e esperado pela maioria, mas é algo que faz sentido, que poderia acontecer aqui, no mundo real e que vai te fazer pensar em muitas coisas.
Você vai terminar esta leitura com vários sentimentos, mas o principal é esta sensação de que leu algo verdadeiro, dolorido, porém genuíno.
Eu perdi a conta de quantas vezes chorei com este livro e fiquei por dias pensando na Violet e no Finch, em como eu queria entrar dentro da história e dar um abraço neles, dizer que podiam contar comigo.
Para mim é um livro cinco estrelas, tem seus probleminhas, mas nada que tire seu brilho e importância, sendo admirável como obra inaugural de uma escritora.
“Amo o meu quarto. O mundo é melhor aqui do que lá fora, porque aqui sou o que eu quiser.”
Se você ainda não fez a leitura, não perde mais tempo, pois o livro já foi adaptado para um filme na Netflix, com estreia marcada para 28 de fevereiro, tendo Ellen Fanning e Justice Smith nos papéis principais e roteiro com participação da própria autora.
Confira o trailer:
Ainda tem uma semana até o lançamento e é tempo de sobra para fazer a leitura, pois, uma vez que você começa, não consegue mais parar de ler. A obra possuí versão em formato físico e digital a venda na Amazon. Inclusive, se você é assinante do Kindle Unlimited, o serviço de leitura da empresa, o livro está disponível gratuitamente. Não tem desculpa para não ler.
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Até mais!
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