ter. dez 3rd, 2024

Produção sul-coreana se tornou a maior série da Netflix, o que provocou a renovação para uma continuação

Depois de vários rumores, comentários, discussões e especulações na internet, foi revelado na tarde de ontem (09), que o dorama sul-coreano Round 6 ganhará uma segunda temporada. A informação foi confirmada pelo próprio criador e diretor da produção Netflix, através das redes sociais.

Nas palavras de Hwang Dong-hyuk: “Houve tanta pressão, tanta demanda e tanto amor por uma segunda temporada. Então eu quase sinto que não me deram escolha. Mas, sim, direi que realmente haverá uma segunda temporada. Está na minha cabeça agora. Estou no processo de planejamento atualmente. Mas acho que é muito cedo para dizer quando e como isso vai acontecer.”

Toda essa “pressão” da qual Hwang fala, se deve pelo fato de a série ter se tornado a maior produção da história da plataforma de streaming, com mais de 111 milhões de visualizações em todo o mundo. De forma orgânica, o dorama foi conquistando o público, no velho boca a boca, entrou para o Top 10 de mais de 90 países e se tornou um fenômeno. É praticamente impossível viver no planeta Terra e não saber, não ter ouvido falar da série.

Porém, diferentemente das produções ocidentais, os doramas possuem, em geral, apenas uma temporada. Seria como uma minissérie, com começo, meio e fim. No caso dos doramas sul-coreanos, ou k-dramas como você preferir, isso também ocorre, inclusive com outros originais da própria Netflix. É uma característica das produções asiáticas e era o planejado pelo criador de Round 6.

Outro ponto que também é bem característicos destas produções, são os chamados “finais abertos”. Nesses finais, geralmente ficam dúvidas para o próprio público “resolver”. As perguntas não são todas respondidas, as pontas não são totalmente amarradas e você precisa estimular sua própria imaginação, suas próprias reflexões para encontrar a resposta que mais cabe para você ou os finais que você acha possível.

É claro que isso não ocorre em todos os doramas, mas é algo comum principalmente em tramas de mistério, thrillers, suspense, como é o caso da produção em questão. Como boa apreciadora de doramas, já assisti inúmeras produções onde o final me deixou com um grande ponto de interrogação na cabeça. No começo eu não entendia bem, achava que mesmo a história tendo sido boa, estava faltando algo. Contudo, após assistir vários, hoje já me acostumei, compreendo as escolhas narrativas e aprendi a curtir estes finais. Eles estimulam a nossa imaginação, não entregam tudo de mão beijada e isso é realmente legal.

Porém, eu entendo que para nós, deste lado do globo, e principalmente para quem nunca assistiu dorama, um final aberto como foi o da série, que deixa ganchos para uma continuação, faz você querer uma continuação. Você quer saber o que aconteceu com os personagens, quer entender como tudo aquilo surgiu, em resumo, você quer respostas. Mas para mim, a principal pergunta que fica agora é: Round 6 tem mesmo que ter uma segunda temporada?

Round 6 conseguiu quebrar a barreira do preconceito, do idioma e da cultura no mundo / Imagem: Divulgação/ Reprodução Netflix

Olhando para o ponto que levantei acima, o fato de os doramas serem caracterizados por terem apenas uma temporada, a resposta meio que já fica clara. Não é algo esperado deste tipo de produção, na verdade seria aquilo que “foge das regras”. Nós, do ocidente, estamos acostumados a acompanhar uma série por anos, temporada após temporada, episódio após episódio, tendo as respostas das perguntas.

Muitas vezes iniciamos um programa na infância, que acaba quando entramos na adolescência. Esta é a regra, o comum do “lado de cá”. Mas do “lado de lá” é diferente. Na Coréia do Sul, os doramas possuem episódios exibidos duas vezes por semana e que se encerram dentro de dois ou três meses, tendo uma média de 16 episódios. Existem os que tem mais ou até menos episódios, mas eles terminam com um ponto final na primeira temporada.

Contudo, o principal ponto para mim e o que me deixa com mais medo dentro de tudo isso, é que Round 6 foi pensada, criada e planejada para ter apenas uma temporada. O criador imaginou e mudou sua série ao longo dos últimos dez anos. Sim, ele não escreveu o programa e já vendeu para Netflix. Na verdade ele recebeu muito não antes e mudou sua história conforme o tempo foi passando. Sua ideia central estava lá, mas mudanças foram feitas.

O plano inicial era contar esta história até onde ela foi contada e encerrar. Mas como se sabe, o dinheiro sempre fala mais alto e depois do sucesso estrondoso e das pessoas pedindo, não ter uma segunda temporada se tornou algo praticamente inviável. As pessoas querem respostas. Porém, Hwang não terá mais dez anos para escrever esta continuação, será que vai dar certo? Tenho minhas dúvidas.

Não, não me entenda mal. Em momento algum eu estou duvindo ou questionando a capacidade do criador em dar continuidade na sua história, porém eu tenho dúvidas sim. Primeiro que não estava nos planos dele, segundo que a pressão pelo sucesso é gigante, terceiro que ele mesmo disse que precisaria de muita ajuda para isso, que uma equipe de roteiristas seria necessária e levaria tempo. Como não pensar de outra forma?

O meu medo é que aconteça com Round 6 o mesmo que aconteceu com outras séries por aí. Tivemos exemplos de produções que foram pensadas para ter apenas uma temporada, mas que devido ao sucesso foram prolongadas e acabaram perdendo a essência, sua criatividade e caindo no conceito do público. Isso rolou com 13 Reasons Why, que no início foi elogiada por sua narrativa poderosa e pelos assuntos que abordou, mas que depois foi detonada por ter inventado tramas desnecessárias e viu sua nota cair abaixo.

13 Reasons Why é um dos maiores exemplos de séries que não deveriam ter tido continuação / Imagem: Divulgação Netflix

Também aconteceu com as espanholas La Casa de Papel e Elite. A primeira já havia sido exibida na Espanha, tendo sido finalizada, porém quando chegou na Netflix e explodiu, logo vieram as continuações, que apesar de não serem totalmente ruins, obtiveram críticas negativas, gente dizendo que era mais do mesmo e o sucesso passou longe do inicial. Já Elite foi feita desde o princípio para ter duas temporadas, que realmente foram incríveis. Daí veio uma terceira, que também foi boa e encerrou o ciclo. Mas decidiram que um quarta não seria mal, afinal estamos aqui mesmo. Porém, não poderia ter sido mais decepcionante e o pior, vai continuar.

Poderia citar mais séries aqui, mas para não me prolongar no assunto, vamos a uma constatação: o que todas estas produções e Round 6 tem em comum, além do sucesso é claro? Em todas elas o público pediu por uma continuação. Ninguém queria que as séries se encerrassem, todo mundo foi nas redes sociais dizer que precisava ter continuidade, que tinham perguntas que precisavam de respostas, que teve um personagem que merecia um final e por aí vai. O mais triste é que é esse mesmo público que acaba detonando a série depois e dizendo que não deveria ter continuado. Irônico, não é mesmo?!

Por favor, não fique bravo comigo ou ache que estou dizendo que a segunda temporada será ruim e isso terá sido culpa do público. Eu também amei a série, me encantei pelos personagens e acho que tem muita coisa que pode ser sim trabalhada em uma continuação. Porém, é tanta coisa que engloba o sucesso de uma produção e as nossas expectativas estão tão altas, que a decepção pode ser gigante. Isso me faz pensar que deixar como esta, como foi o planejado desde o começo seria o melhor. Mas quem sou eu na fila do pão.

No fim das contas, a segunda temporada de Round 6 é uma realidade e não tem nada que se possa fazer a respeito disso. Fico dividida dentro de mim mesma. Por um lado estou feliz em ver as produções asiáticas ganhando o reconhecimento que merecem e mais gente curtindo. Por outro, acho que o dorama era a chance que tínhamos em aprender e apreciar o diferente, entender que uma série não precisa seguir o caminho que a gente conhece, que existem outras formas de se contar uma história e, o mais importante, não precisamos ter todas as respostas.

Ter um final aberto também é algo bom, que nos deixa com a curiosidade a mil, formando teorias e pensando na produção por tempos. Diferentemente do que se possa pensar, o final aberto não faz da série ruim, é simplesmente uma outra forma de se contar uma história e os coreanos fazem isso muito bem.

Com tudo o que falei aqui, acho que você já imagina qual seja a minha resposta para a pergunta se Round 6 deve ter uma segunda temporada. Na minha humilde opinião a resposta é não. Acho que a série já fez exatamente tudo aquilo, e muito mais, que ela havia se proposto a fazer. Mostrou a cultura coreana para o mundo, fez duras crítica à sociedade capitalista em que vivemos, contou histórias de pessoas reais e provocou em nós vários sentimentos, sensações e reflexões. Acredito que arriscar tudo isso simplesmente para responder perguntas que não eram necessárias serem respondidas ou para ganhar mais dinheiro, é um risco muito grande a se correr. Mas como eu disse, quem sou eu para dizer o que deve ou não ser feito.

No momento, o que podemos fazer é torcer para que a história de Round 6 realmente se prove ser ainda maior do que o que vimos, que a qualidade não seja prejudicada e que o fato de sair do comum das produções asiáticas não seja algo ruim, mais positivo no final das contas. Espero que no futuro, pensemos como o dorama conseguiu manter sua qualidade e que não nos arrependamos de ter pedido uma continuação.

E você, o que acha de tudo isso? Gostou de saber que a produção terá uma segunda temporada ou acha que pode acabar sendo um tiro no pé? Deixe sua opinião, vamos pensar juntos.

Lembrando mais uma vez que tudo o que disse aqui é apenas a minha opinião, você tem o direito de concordar ou discordar e isso faz parte, são as opiniões diferentes que movem o mundo e é com elas que vemos as mudanças, claro, com muito respeito.

No mais, fico na torcida para que a segunda temporada de Round 6 seja um sucesso e que muitos outros doramas incríveis continuem a surgir.

 

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