qui. nov 21st, 2024

Produção está disponível no Amazon Prime Video

Pequenos Incêndios por Toda Parte foi uma das primeiras resenhas literárias publicadas aqui no site. Nela (eu, Talita, que vos escrevo) disse que era um livro incrível, que merecia todo sucesso que possuía e que autora foi consistente na narrativa durante toda a obra.

Por isso, quando a adaptação foi anunciada, fiquei feliz e extremamente ansiosa, afinal se tratava de uma história que merecia ser contada em vídeo. Porém, qual não foi minha surpresa ao constatar, desde o segundo episódio, que a série seria melhor que o livro?!

Sim, para mim foi uma grata surpresa porque, em geral, costumo achar o livro sempre melhor do que a adaptação. Como leitora a muito tempo, imagino como é complexo condensar páginas de livros em horas de filmagens, ou como algumas coisas ficam boas escritas, mas não dão certo no visual.

Sendo assim, para mim os livros acabam tendo mais riquezas de detalhes, são mais aprofundados e funcionam da melhor forma, como o escritor imaginou. Claro que isso não é uma regra, é apenas a minha opinião e ainda bem que existem exceções.

Esta série, brilhantemente protagonizada e produzida por Reese Witherspoon e Kerry Washington, é o exemplo de que quando você trabalha duro, com respeito a obra original, pensa nas mudanças certas e faz algo para acrescentar, o resultado é, ao meu ver, uma das melhores séries lançadas no ano.

Sem dúvidas esta produção figurará entre as listas de melhores séries e eu espero, de verdade, que apareça no circuito de premiações do próximo ano, porque merece muito.

Mas, afinal, o que fez a série ser tão boa? Vou te contar os motivos a partir de agora.

ATENÇÃO!!! Deste ponto em diante, o post terá alguns spoilers tanto do livro quanto da série. Se você deseja fazer a leitura ou assistir à adaptação antes e não quer saber detalhes da trama, pare agora.

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Reese Witherspoon e Kerry Washington

Já que as mencionei, vamos começar por elas. Muita gente não sabe, mas Reese abriu uma produtora para conseguir trabalhar nos projetos que desejava. Além disso, ela possui um dos clubes de livros mais badalados da atualidade e foi assim que teve contato com a obra de Celeste Ng. Não perdendo tempo, ela comprou os direitos de adaptação e convidou Kerry Washington para ser protagonista ao seu lado, além de produtora, tento em vista que Kerry também possuí sua própria empresa. Foi assim que estas duas gigantes se encontraram e entregaram interpretações de tirar o folego.

Em cena, Reese e Kerry se tornam duas monstros, dando o melhor de si para os papéis, de uma forma que faz a gente querer entrar dentro da tela e agradecer a elas pelo o que estamos vendo. A Elena de Reese é aquela mulher privilegiada, que sacrificou os próprios sonhos por algo que outras pessoas queriam para ela, que esconde seus segredos de baixo de sete chaves e fingi viver em um mundo perfeito, totalmente planejado. Do outro lado, a Mia de Kerry é desconfiada, sabe que tem que lutar por seus direitos, afinal é uma mulher negra e mãe solteira, está sempre na defensiva e deseja proteger sua filha de todo mal que existe no mundo.

Reese Witherspoon e Kerry Washington estão brilhantes nos papéis de protagonistas / Imagem: Divulgação

As duas se enfrentam em cena, ora com sorrisos e palavras amigáveis, ora com ofensas e mal tratos, com lágrimas e palavras horríveis. Quem assiste fica encantando e acredita que aquilo é real. A forma como elas se entregam para as personagens é de uma verdade que não existe adjetivos capazes de traduzir.

A gente fica confuso, em alguns momentos amamos uma e odiamos a outra. Em outros entendemos a atitude daquela e queremos dar uns tapas na segunda. Isso é incrível, porque elas entenderam que toda história dependia da forma como elas entregariam estas duas personagens, afinal tudo se baseia na relação conflituosa delas. De verdade, não consigo ver outras atrizes nos papéis.

Autora na produção

É comum que o autor de uma obra esteja presente nos bastidores quando a produção começa. Contudo, não é sempre que ele se envolve com a adaptação de forma objetiva. Geralmente ele é um convidado, um consultor, mas que não influencia direto no resultado final.

Porém, Celestee Ng esteve presente na produção do roteiro, na construção dos personagens, foi consultada e teve sua opinião ouvida com as mudanças feitas na história, como também participou de várias gravações da série, podendo expressar suas ideias.

Tudo isso contribuiu para o resultado final. Com muito respeito a obra original e a autora, a produção foi capaz de enxergar os melhores pontos, o que merecia ser mostrado, o que poderia ser mudado e o que caberia ser acrescentado.

Como produtoras, Reese e Kerry fizeram questão de contar com a participação da autora Celeste Neg em todo o processo / Imagem: Divulgação

A própria Celest deu entrevistas afirmando que tudo o que estavam fazendo com a série era incrível e que Reese deu um novo significado a sua história, mostrou pontos que nem ela mesma havia pensado e que fazia todo sentido, como o fato da personagem Mia ser negra.

Quem leu o livro sabe que a cor da pele não é mencionada e a autora mesmo afirmou que havia pensado na personagem como uma mulher branca, mas extremamente pobre, pois este era o seu lugar de fala. Contudo, a ideia de trazer Kerry fez todo o sentido e melhorou toda a trama.

Mudanças bem pensadas

Como dissemos, algumas mudanças foram feitas da série para o livro, sendo algumas mais em detalhes, como cenas, e outras mais profundas, realmente mudando contextos da história.

Não vou mencionar todas, mas acho que algumas são realmente fundamentais, sendo elas: a profundidade dos personagens, a revelação do segredo de Mia e o “mistério” final.

A profundidade dos personagens tem haver, realmente, com as mudanças que fizeram em alguns e o aprofundamento em suas histórias pessoais. A personagem Izzy é a que mais ocorre isso. Enquanto no livro ela é apenas uma garota revoltada, que vive em conflito com Elena, sua mãe, na série questões de sexualidade são abordadas e vemos como tudo está contribuindo para que ela seja desta forma.

Em segundo, no livro Mia conta para sua filha Pearl que foi mãe de aluguel e que fingiu perder o bebê para poder ficar com a criança. Apesar de abalada com a revelação, Pearl entende o lado da mãe. Já na série é Elena que revela isso para a garota, como uma forma de machucar Mia e de se vingar. Assim, o empate entre mãe e filha é muito mais profundo, dolorido e complicado de ser resolvido.

A série fez mudanças na trama, como a da revelação final, mas que contribuíram muito com a história como um todo, fizeram a diferença / Imagem: Divulgação

Em terceiro temos o grande mistério que é a identidade da pessoa que colocou fogo na casa. Tanto no livro quanto na série, em seu primeiro episódio, é dito que a principal suspeita é que foi Izzy. Na obra literária, isso realmente se confirma, mostrando que a garota fez tudo isso em represália a forma como Mia e Pearl foram tratadas pela sua família.

Já na série vemos que Izzy até começa a colocar gasolina nos cômodos, mas acaba desistindo após uma briga com a mãe e indo embora. Assim sendo, vemos que quem terminou o trabalho foram os três filhos mais velhos de Elena, que também estavam cansados de todas as mentiras e manipulações da mãe.

Esta mudança faz todo sentindo, pois mostra como Elena havia tentado dominar a vida dos filhos, mas acabou fazendo mal a eles. Para quem leu o livro é ótimo ter esta surpresa no final.

Elenco

Já falei das atuações incríveis de Witherspoon e de Washington, porém tenho que ressaltar a qualidade de todo o elenco, tanto o núcleo principal como o de apoio.

Todos são perfeitos para os papéis, deram a profundidade que a trama exigia e são peças fundamentais para que toda a série se construa de forma tão eficaz.

O elenco, como um todo merece reconhecimento, mas o núcleo jovem se destaca / Imagem: Divulgação

Os destaques ficam com a jovens Megan Stott e Lexi Underwood, que dão vida as personagens Izzy e Pearl, respectivamente. As atrizes são de um profissionalismo ímpar e traduzem suas personagens de forma brilhante. É incrível como as duas são os contrastes de suas “mães”. Enquanto tudo o que Pearl deseja é uma família como a de Elena e uma mãe igual a ela, a ligação de Izzy com Mia é profunda e ela quer ser aceita pela mulher.

Produção e fotografia

Claro que nada disso não serviria de nada se a produção da série fosse ruim. Porém, tudo foi feito com tanto cuidado, que é uma daquelas séries que dá gosto de assistir.

Somos transportados para o final dos 90 com maestria, sendo que vemos outras datas retratadas. Das roupas, aos carros, as revistas e programas da época, tudo faz a gente entrar no clima.

O cuidado com o roteiro, os cortes da direção, a câmera que foca nas expressões dos personagens de forma prolongada, os planos de fundo e a fotografia clara, limpa, que só fica escura nos momentos mais tensos e intimistas.

A direção e fotografia da série são um destaque a parte / Imagem: Divulgação

Além disso o cuidado com fechar cada episódio, com mostrar a ligação do começo com o final, é tudo feito com muita dedicação, trabalho e carinho, você sente isso quando assiste.

De verdade, eu poderia ficar aqui por horas enumerando todos os motivos que fizeram a série ser melhor do que o livro, sendo que um não anula o outro e cada um tem seu mérito.

Vou parar porque já devo ter cansado vocês, mas tudo o que posso dizer é que esta série merece ser assistida, comentada, compartilhada por todos. Não vou cansar de enaltecer e reitero minha aposta: será uma das melhores produções do ano.

Um agradecimento especial a Amazon Prime Video, afinal podemos ter acesso ao programa graças a plataforma, que comprou os direitos de distribuição do Hulu para a América Latina. Não sei o que seria do meu ano sem esta série.

Então, não perca mais tempo, vai assistir Pequenos Incêndios por Toda Parte e tire suas próprias conclusões. Só não esquece de voltar aqui ou de comentar nas redes sociais a sua opinião, porque eu quero saber.

Curtiu? Então compartilhe com seus amigos e continue nos acompanhando.

Até mais!

 
One thought on “Série “Pequenos Incêndios por Toda Parte” é melhor que o livro, que já era bom”

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