Desde sua estreia, O Homem Invisível vem fazendo muito sucesso e ganhando destaque na mídia, tanto por causa das críticas positivas quanto por sua forte bilheteria.
O público adorou a nova adaptação do clássico literário, principalmente por mudar o foco da sua trama para abordar um assunto extremamente importante e atual dentro da nossa sociedade.
Nós assistimos ao filme e temos que dizer que ele é, com toda certeza, uma das grandes produções deste ano e será lembrado por muito tempo.
Por se tratar de uma obra completa, onde tudo se encaixa, desde o roteiro, passando pela trilha sonora até chegar na edição, ficaria difícil apontar o que mais se destaca no todo.
Contudo, nosso Super Foco foi ativado e escolhemos a melhor cena do longa para compartilhar com vocês.
Mas atenção, este post contém SPOILER, por isso se você ainda não assistiu ao filme, tome cuidado!
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Como dissemos antes, esta produção é tão completa que fica difícil escolher apenas um momento, um ponto a ser destacado entre tudo o que assistimos.
Nós acabamos dando uma roubadinha e escolhemos dois momentos que consideramos importantes, mas tem uma justificativa e vocês vão entender porque não deu para optar apenas por um.
Primeiramente, devemos dizer que este filme só seria metade do que é sem a brilhante atuação de Elizabeth Moss, no papel da protagonista Cecília. Sério mesmo, o longa tem um roteiro primoroso, uma direção que sabe o que está fazendo, enfim, uma produção impecável, mas tudo isso ficaria ofuscado se a personagem principal fosse interpretada de forma simples.
Contudo, a escalação de Moss foi certeira. A atriz entrega tudo e um pouco mais do que o papel nos exige, mostrando vários estágios psicológicos da protagonista e nos convence de que o que estamos presenciando é algo real, plausível, verossímil. É uma atuação que merece ser aplaudida de pé, principalmente quando lembramos que, na maior parte do tempo, a atriz estava contracenando sozinha.
Mas tá, e as cenas escolhidas? Bom, decidimos começar falando da brilhante atuação de Elizabeth Moss, para você entender de forma clara o que nos levou a escolher dois pontos em todo o filme e eleger como melhores. Estes dois pontos têm tudo a ver com a entrega dela no papel.
Sem mais delongas, vamos para o que interessa.
O filme narra a história de Cecília, que cansada de seu relacionamento abusivo, resolve fugir e conta com a ajuda da irmã e de amigos para conseguir. Acontece que, pouco dias após ela se separar do marido, o mesmo comete suicídio e deixa seus bens para ex-esposa. Apesar de desconfiar da história, a mulher passa a acreditar que está livre e que poderá viver uma vida tranquila, perto de quem ela ama.
Contudo, logo ela começa a desconfiar de que o homem que a perseguia não está morto e que descobriu uma forma de ficar invisível para continuar ao seu lado.
Esta é a premissa principal do filme, que trata de relacionamento abusivo, mostrando tudo o que o agressor é capaz de fazer com a vítima e a forma como esta acaba perdendo sua vida mesmo estando viva.
O longa tem uma forma única de tratar do assunto: ele mostra através de um elemento cientifico e ficcional, a realidade de inúmeras mulheres que passam por este tipo de situação. A cada vez que a protagonista é desacredita pelas pessoas ao seu redor, dita como louca pois está falando de algo que não existe, a cada momento que ela desconfia de sua própria sanidade, somos lembrados que aqui, no mundo real, isso acontece.
A todo o momento uma mulher é vítima de algum tipo de agressão por parte de um companheiro e acaba sendo desmotivada pela sociedade. Ninguém acredita nela, acha que está inventando, exagerando, que não é bem assim. O homem anula o discurso da mulher, a pune pelo que ele mesmo está fazendo.
Assistir isto na tela nos dá um verdadeiro tapa na cara, vemos a realidade revelada através de algo ficcional, que nos causa arrepio, mas que nos desperta para o que pode estar acontecendo ao seu lado.
Juntando esta narrativa única e a interpretação de Moss, temos as duas cenas que escolhemos, que na verdade são, principalmente, dois diálogos da protagonista que descrevem o que aquela relação fez com ela.
Na primeira, após um acontecimento perturbador, que faz os amigos ficarem contra Cecília e acharem que ela está louca, a mulher se senta, tentando se proteger de um ataque e começa a conversar com o “esposo”.
Ela pergunta porque ele está fazendo aquilo, que ela não consegue entender porque ele a escolheu. Ela se lembra de como as coisas eram no começo, de como achou que ele era alguém especial, mas que ele deve ter visto nela algum tipo de fraqueza, algo que ele pudesse usar contra ela.
A cena também, em um momento único, mostra ela implorando para ele parar com aquilo pois ele já tirou dela, não sobrou mais nada. Ela já não tem trabalho, amigos, família, uma vida. Já não tem mais nada que ela possa fazer. Ele já matou tudo o que podia.
Já a segunda cena acontece mais para o final no filme, quando todos descobrem que o ex-marido de Cecília está vivo e teria sido vítima de uma farsa do irmão dele. Todo parecem acreditar nesta história, de que o homem teria sido uma vítima do irmão, que era realmente quem estava se fazendo de invisível para perturbar a mulher.
Contudo, Cecília é firma e na delegacia diz, com todas as letras, que aquilo não é verdade, que é somente mais uma mentira, mais uma manipulação. Uma das frases mais fortes que ela profere é quando diz “É isso que ele faz, ele manipula as pessoas para parecer a vítima. Ele não é a vítima!”.
Estes dois momentos foram escolhidos por nós pela força que trazem e por serem complemento um do outro. No primeiro temos esta mulher cansada de lutar, que se sente sozinha e que não entende porque se encontra naquela situação.
O que ela fez para merecer tudo aquilo? Aquele homem a deixou sozinha, conseguiu tirar tudo dela para a deixar a mercê dele, do que ele quer fazer com ela. Já no segundo temos esta sociedade hipócrita, que dá mais valia ao discurso do agressor, que renega o que a vítima diz e ouve aquele que se faz de vítima.
São dois comentos que se traduzem no que vemos na realidade. São momentos que mechem com o que nós sentimos, que nos fazem pensar, nos colocar no lugar de quem passa por aquilo de verdade.
Claro que existem outros momentos extremamente fortes dentro deste filme primoroso, mas estes dois se completam e são reais, verdadeiros. Quantas vezes você já não viu isso na mídia? A vítima que sofre até seu limite ou o agressor que tenta usar o discurso a seu favor para se se passar por sofredor.
Enfim, este filme é tão importante que poderíamos ficar aqui por horas falando de cada diálogo, de cada cena, de cada momento impactante, mas escolhemos estes dois para ilustrar tudo o que ele representa, principalmente no mês das mulheres.
Se você ainda não conferiu o filme, não perde mais tempo e vai correndo. Aproveita para levar aquela pessoa que você acha que precisa entender a mensagem que o longa está passando.
O Homem Invisível segue em cartaz nos cinemas.
Logo mais voltamos com mais um Super Foco!
Até!
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